domingo, 13 de dezembro de 2009

Imaginário popular

O mundo é o que vemos
E o que sentimos
Somos humanos, e por isso existimos
Estamos aqui de pé olhando para esta estrela áurea
Estamos aqui de joelhos neste altar de sangue
Estamos aqui esperando o julgamento divino
Se não vejo, se não sinto
Simplesmente rejeito sua existência
E passo a viver tranqüilo
Santos e pecadores no mesmo purgatório
No mesmo confinamento astral.

Muitos poetas
São do imaginário popular
Lendas urbanas, que passaram sobre a terra
E de pé sofreram dos mesmos problemas
Que homens normais sofrem hoje em dia.

sexta-feira, 11 de dezembro de 2009

Adão e Eva

Água doce
Estrelas no céu
Flores coloridas
Nada me faz ser feliz
Do que me lembrar do passado.
Da infância,
Aprisionada em fotografias.
Nada me entristece,
Alem do seu olhar negativo
Sobre meus ombros enfraquecidos
Pequenos príncipes, e viagens no tempo
Física quântica, e anatomia humana
Livros de poesia jogados pelo chão
Nada resume a obra e a vida
De nenhum mortal único neste mundo.
Água doce e salgada
Beijos carinhosos e abraços de adeus
Romances lidos em bancos de praça
Nada pode afastar meus pensamentos daquela moça
Com aquele belo sorriso
E aquela estranha relação com sigo própria
Tenho medo da escravidão, tanto abordada nos sonetos
De amor e solidão
Escuto musicas de amor, para tentar aliviar o pesar
Os dedos não sentem mais a areia correndo
Os olhos não vêm mais a luz do sol
Não existe beleza no mundo da escuridão
Que o amor lança sobre nós
Assim que abandona nosso corpo
E agora me banho neste altar
Pedindo perdão, por não saber juntar adão com eva

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

O senhor Paulo Leminski

Será que imito o senhor Paulo Leminski?
Ou simplesmente quando leio o que escrevo
O lembro
Ou quando o leio me lembro?
Misterioso mundo das poesias
Das paginas em branco
Dos poetas marginais
Da poesia anarquistas
MALDITO mundo das idéias
Que confunde nossa cabeça oca!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Amadurecendo

Quando passo a achar que estou amadurecendo
Viro criança na primeira oportunidade
A moça do cabeleireiro errou,
Sou criança e choro pela barba perdida
Ate aprece o brinquedo esquecido
O vôo as 4:20 entro as 4:19
Sou criança, por não entender a importância
Dos compromissos em outra cidade
Quero usar bermuda e chinelos
Sou criança porque sei que o
Don Juan II não olhará
Quero dormir, quero fumar
Nada posso, então imploro, choro
Me torne criança de verdade de novo

A moça de preto

A moça de preto
Caminha sozinha pela areia
Para algumas vezes e olha
Para o mar, e passa apensar
Sua aura é tão melancolica
Que eu sou capaz de sentir
O amor que ela acabou de perder

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

O louco e a dama

O homem que ama a louca
A dama vestida de branco
O louco sentindo o drama
De amar incondicionalmente.

Tal sentimento nefasto,
Sombrio, que absorve os poderes
Malditos,
Da dama, do louco e do vestido branco
De noiva, de moça, de louca.

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Suicídio lento

Cigarros e mais cigarros,
O que sou capaz de fumar eu fumo,
E cometo esse suicídio esfumaçado
Lento e gradativo
Meus pulmões choram
E clamam por perdão
O que sou capaz de queimar eu queimo
E as cinzas do cinzeiro sou capaz de aspirar
Envelhecido pelo tempo e a carteira diária
Escrevo poesias com a fumaça da boca
Contando minhas vontades mortais.

Anjo Rafael

É a bermuda ou a cara de louco
Que me impede de ascender neste
Tal anjo Rafael
Tão majestoso e imponente
São as leis de Deus
Ou a arrogância do homem
Que simplesmente barram a subida
De um homem tão ordinário
Como eu?
Me revolto, mas me acalmo
Com uma musica nos ouvidos
E um cigarro na boca
Agora eu espero minha mãe
Simplesmente impaciente
Quase sem cigarros mas
Com poesia eu aguardo

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

Auto-reflexão

Não consigo dormir com este sentimento de culpa circulando em meus pensamentos. Eu não sei se deveria esclarecer para mim mesmo o que sinto, ou se deveria deitar novamente em um divã para tentar achar a resposta. Não acredito no poder de nenhum deus, mas agora tremo de medo por não acreditar em nada. Refugio-me nas poesias dos que escrevem tão bem, sinto vergonha das porcarias que estou acostumado a escrever. Sinto-me como um fracassado, e que todas as minhas tentativas de construir uma relação com outra pessoa sempre falham drasticamente. Acredito agora que nenhuma estrela esteja olhando para mim, e acredito que ninguém esteja pensando em mim neste exato momento. Mas eu passo tanto tempo pensando em algumas pessoas, que nem sei se elas merecem tanto desperdício de tempos. Sim, minhas poesias tornam-se refúgios mais bem elaborados, pois acredito no poder que elas exercem sobre minha vida um tanto medíocre. Não vivo uma tragédia Shakespeariana, não morro de amor por ninguém, não vejo o espírito morto do meu pai (mas bem que eu queria de). Muito menos vivo uma comedia shakespeariana, nãos costumo rir ou sentir felicidade. Os braços reconfortantes de um abraço, não me esquentam com a facilidade como deveriam. Nem quando amo, os olhos brilham como deveriam. Nem quando choro, as lágrimas escorrem verdadeiramente. Nada que deveria acontecer anda acontecendo, e eu me sinto perdido, em busca deste refugio que é minha mente melancólica. Mas a culpa não diminui quando eu escrevo estas frases desconexas, o desespero não acalma com as metáforas e rimas. Gostaria de ter uma conversa franca com amigos, gostaria de contar mais sobre mim, e eu penso, que isto é um confessionário, mas idealizo este papel como um divã pessoal. Dr. Paulo estaria orgulhoso da minha auto-reflexão. Temi a morte e a solidão por anos tão longos, chorei por tanto tempo a morte de meu pai que acho que encarei com mais facilidade o outro marco mortal em minha vida. O arco e os astros movem-se em direções obscuras, e eu temo o caminho que eles vão traçar para encontrar seus destinos incertos. Meu destino incorreto, meus desejos mortais.

Te

Escrevo-te por ser fraco
Descrevo-te por te amar
Amo-te por desejo
Entrego-te por descuido
E por ser fraco
Perco-te em devaneios
Celestes e espirituais
Hoje sou um completo fracasso
Um mendigo sem lar
Um poeta sem clientela

E agora...

Escrevo-te por ser fiel
Descrevo-te por ansiedade
Amo-te por angustia
Entrego-te por maldade
Perco-te por destino.

Epitafio

Sem você eu não existo
Enterro-me a 7 palmos do chão
Para nunca mais ver o nascer de um novo dia
Que aos poucos se tornou sem sentido

Sem você prefiro me exilar no topo da montanha mais alta
Que se chama morte
E estas palavras estarão gravadas na lapide de mármore branco
Para que todos possam ler, minha infelicidade e angustia
Perante tais acontecimentos de vida

“nunca mentir sobre coisas pequenas,
Viver a vida cada dia, sem importar-se se a lua é prateada
Ou se o sol ilumina todo dia
Nunca diga que ama alguém, quando não ama realmente
E não diga toda hora que sente muito
Pois é bom machucar o sentimento dos outros de vez em quando”

Uma outra pessoa

Uma outra versão sua
Aquela espelhada na parede do meu quarto
Está guardada em minhas memórias
Meus sonhos com você
Não costumam ser mais os mesmos
E eu nem costumo mais tê-los
Talvez eu deveria agradecer
Por tais pensamentos e sentimentos
Não se confundirem no mundo dos sonhos
Pois no mundo desperto posso ter medo disto tudo
Então o espelho se quebra
Minhas lagrimas se acalmam
O que você deveria ser acabou
E eu te esqueço pouco a pouco
E agora novas imagens se formam na parede
Novos poemas vão nascer
Pois estás morta agora
Eu lhe enterro
Velho amor
Maligna mulher
Que roubou meu coração e o enterrou em uma cova rasa

segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Parei de escrever, passei a recitar

Escrevo por pura força do habito de pegar a caneta e perfurar o papel
Escrevo por necessidade, não por vontade
Eu odeio escrever
Mas mesmo assim estou eu aqui novamente
Escrevendo o milésimo poema da tarde
O bilionésimo verso do dia
Escrever para as estrelas
Para as nuvens
Para mulheres e amigos
Preciso escrever e manter-me atualizado com minhas próprias idéias
Não posso deixá-las escapar, nenhuma!
Mas eu odeio escrever!
E por isso passei a recitar mais meus poemas em vez de escrevê-los
Em vês de guardá-los em papeis que um dia vão rasgar
Recito versos para o vento levá-los para longe
Para que muitos possam escutar
O vento se agrada e nunca para de soprar
Para longe de mim
Meus poemas esquecidos
Meus versos renegados
Não quero mais guardar tanta porcaria,
Papeis juntam poeira
E eu não quero ter que limpar
Sou preguiçoso
Por isso parei de escrever, parei de recitar
Mas preciso voltar, pois parei de viver.

Seu nome é Patrícia

Seu nome é Patrícia
E a muito te conheço
E por te conhecer, te odeio
Cada dia mais, te amo
E a cada momento despendidos
Percebo o quão arrogante sou
Sou fraco e menino
Sou alcoólatra e amante
Você já foi uma espécie de porto
Aqueles que a nau atraca
Sem se preocupar com as tempestades
Mas esse porto ruiu!?
Não sei dizer, não sei explicar
Talvez nem queira, talvez nem deva
O amor transcendental é minha poesia mais criativa
Mas sempre escrevo mal sobre esse sentimento
Que deveras me confunde, me ilude
Não foi a primeira, e não é a ultima
Mulher a pisar nos solos áridos de meu caminho
Uma grande mulher
Uma verdadeira conhecedora de poesias
Uma verdadeira adoradora das porcarias que escrevo.
E é para ela que eu escrevo estes versos
Pois ela merece, nem um pouco a mais, nem um pouco a menos
É de você que eu preciso em minhas horas de angustia
Mas é na amizade que persisto em acompanhar-te
Sofrendo um pouco mais
Chorando sempre que posso
Patrícia é o seu nome, amiga, amante mulher!

Poema meloso

Você não precisa de mim
Então tente me esquecer
Deixe que a solidão faça seu trabalho
E a escuridão aposse-se dos meus sonhos
Tente evitar chamar meu nome
E não me faça de palhaço
Pois a muito já fui um desses
Que acredita em tudo que dizem
Sentimentos são eternos
Então não brinque com eles
Faça-me um favor
E que esse favor seja brando
Guarde na memória quem és,
E não se esqueça disso.
Quem sou, e para onde vou
O que faço e deixo de fazer
Jogue fora na lata de lixo mais próxima.
E viva sua vida sem amargas derrotas
Viva alegremente como se nada tivesse acontecido
O céu vai ser sempre azul, e o mar varia de cor
Então você escolhe,
O que quer ser.

sábado, 28 de novembro de 2009

Nuvens

Era o amanhecer
E dois homens costas com costas
Falavam pelo céu
Coisas realmente lindas de se ouvir
O da direita se curvou
E o da esquerda engordou
As nuvens se misturaram
E tudo foi mudando
Forma a forma
Caveira, cabeças da ilha de páscoa
Rios torrenciais, e um lindo campo de flores
As nuvens fazem isso com a mente de um homem sonolento
Prestes a entrar no mundo dos sonhos
Ele sonha acordado sonhos de criança
Vê dragões e valkirias batalhando sem motivos
Neste vasto céu
Cavaleiros templários e santos no altar
Sonhos de criança
Sono de um adulto prestes a começar.

Reflexão

Não sei se isso é amor
Por que a muito tempo
Me acostumei com a solidão
Vejo as cartas do taro
Dizendo coisas importantes
Mas não sou capaz de entender
O verdadeiro significado
Da dama de preto
Se é amor ou se é a morte
Que se aproxima lentamente.
Pois sei que acontece dessa forma
Mas preferia procurar por explicações
Mais complexas.
Acredito que tudo se resuma
Nestes dois aspectos tão pequenos,
Mas não creio que este seja o sentido da vida
Pelo qual procurei durante tantos anos
Perdi no tempo das minhas memórias
Todas vocês que fizeram parte da vida.
Como uma peça de teatro
Encenada de forma tão amadora,
Eu gosto de pensar que seja mais simples do que minhas lembranças embaraçadas,
Mas realmente não chego a conclusões plausíveis
Se o que vem primeiro é a morte do corpo
Ou o eterno amor da alma.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Quem você pensa que é

Quem você pensa que é
E tratar meu coração assim
Nem em tantos porres
Fui tão maltratado
Nem pelos cigarros que me prendem
Como escravo, possessivos
Fui tão destratado e abandonado
Quem você pensa que é
Para jogar fora a chave das correntes
Que aprisionam meus sentimentos
São em tantos erros
Que eu não posso perdoar tamanha negligencia
De te amar

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

O sol e a Lua

Quando o sol magoou a lua, e dela se afastou
Toda a humanidade chorou, pois sabia que estava condenada
Passou a dividir o dia
Em
A parte do enfurecido avermelhado, e a parte da dama prateada
E sonhou no dia em que eles se juntariam novamente
Ate que, o eclipse apareceu
E todos pensaram como era lindo o amor
E o eclipse, logo se desfez
E a humanidade parou de sonhar com tamanha besteira

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Poeta Anarquista 13 (para Patrícia)

A Poesia tem caráter desmascarador
Escancara para olhos distraídos
Observações interessantes
Destrava crises de riso
Marca a ferro quente a amizade formada
A poesia escancara a mentira do mundo
Quando diz que é fingidor
Escancara a hipocrisia do mundo
Quando diz apedrejar essa mão vil que te afaga
Escancara a lealdade
Que no fundo não passa de vaidade
A poesia junta e afasta
Os desavisados acham que os poetas
Gabam-se de seu vocabulário requintado
Os cientes tornam-se contemplados com suas palavras
Sejam elas de amor, tristeza ou ate as palavras de obscura melancolia
Poesia e poeta andam juntos
Espantando todo tipo de monstro
Amigo ou ladrão
Aproximando todo tipo de louco
Princesa ou dragão.

quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Poeta Anarquista 12

Uma sombra minha
Mascarada e escondida
Revelando todas as verdades
Alternando a realidade com o absurdo
Poeta anarquista
Escrevendo poemas surreais,
Cheios de sentidos lisérgicos
Depois de tanto chorar
As magoas das rimas trabalhadas
Dos versos estruturados
Percebo que é muito esforço
Basta deixar tudo fluir
Que grandes poemas surgem
Do nada, do nado, do tato
Surgem surgindo,
Aflorando de estômagos vazios
Poesia anarquista que infla a vida

Viver a vida

Viva a vida intensamente, e não esqueça jamais da poesia interna que nos alimenta e nos mata de fome...

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Poeta Anarquista 11

Chega de shakespeare
Não quero ler mais Fernando Pessoa
Nem recitar “versos íntimos”
Tenho que parar de decorar “dos três mal amados”
Sim, "Ismália" está no céu e no mar
Mas um poeta anarquista
Nunca pode esquecer
De continuar a escrever
Suas próprias odes
Inventar seus próprios heterônimos
Recitar seus próprios poemas
Poesia não é no papel
É no ar, rodeando a cabeça de quem escuta
Poesia anarquista é aquela sem rima
Nem verso de tinta
É aquela que acerta a boca do estomago
Dá aquele nó na garganta
Esqueça shakespeare
Esqueça Baudelaire
Esqueça Rimbaud
Esqueça Drummond
Esqueça todos os heterônimos
Mas não esqueça o poeta interior
Quente como vísceras em fogo
Poesia anarquista é aquela que acontece
Não se esquece

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cigarro, Churrasco e Amor

(primeira versão)

Fogo de cigarro, churrasco e amor,
Brasas de cigarro, churrasco e amor,
Fumaça de cigarro, churrasco e amor,
Fome de cigarro, churrasco e amor,
Nada alem de cigarros, churrascos e amor!

(segunda versão)

Fogo
brasas
Fumaça
Fome
Nada alem disso,
Cigarros, churrascos e amor...

(terceira versão)

Fogo em brasa
Fome de fumaça
Nada alem de
Cigarro, churrasco e amor

Acreditar em Deus

Eu queria acreditar em Deus
Fiz de tudo, olhei pro céu
Olhei pro mar
Senti o vento
Vi os animais e todos os humanos
Caminhei em praias desertas
Procurei em todos os lugares
Nas janelas abertas para o por do sol
Nas conversas ao amanhecer
Nas filosofias de bar
Em todo o meu desespero
Fui desencorajado
E nada encontrei
Alem de tudo que já estava lá fora
Antes de nós, humanos
O inventarmos...

domingo, 25 de outubro de 2009

Perguntas de mãe

Minha mãe me pergunta
Por que você fuma?
Por que você bebe?
Por que você não trabalha?
Por que simplesmente não amas?
Onde está sua felicidade?
Onde estão os seus amigos?
Onde você estava ontem a noite?
O que você quer da vida?
Aonde você quer chegar?
Está sempre perguntando
Minha cor favorita
Minha comida predileta
Quais poemas eu sei de cor
Quais livros li no ano passado
Pergunta se sinto saudades
Do psicanalista
Do pai
Da minha primeira namorada
Pergunta Se dormi bem
Se fechei a janela
Se peguei as chaves
Se estou estudando
Se tomei o meu remédio
Minha mãe pergunta
Se estou bem, e é isto que importa no final!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Corpo de pedra

Me desfaço em pedaços
De pedra bruta
Mas meu coração
De pedra lascada
Transforma-se em pedra polida
Pouco a pouco com o uso do amor
E em areia todos os pedaços
Terminam

Sorriso largo

Em seu sorriso largo
Me perco em júbilo
Procurando a luz
Em seus olhos pequenos
De paixão ambulante
Me ocupo por completo

domingo, 18 de outubro de 2009

Ao Malabarista

Ao malabarista biólogo
Amante da natureza
Que tanto conhece da beleza
De sua magnífica
Porto de galinhas
Que maravilhosamente
Conduz os olhos atentos
De seus companheiros
Com seus malabares
E sorrisos encantadores

Nesta ilha

Sou o maior dos poetas falidos
Que moram nesta terra
De famintos miseráveis
Que nada precisam
Alem de amor e carinho,
Mas não é no que eles não têm
Que está a infelicidade
Está na água suja, e no pão azedo
Que eles comem todo dia
Debaixo de nossos olhos
Sedentos por agonia
Miséria alheia

É nesta ilha, que vivo
A vida amarga
Como o azulejo do céu
Que vem a cair
Em gotas de chuva morta

São nos versos em dia
Que eu maltrato
Este coração apaixonado
Com o veneno em verso
Engulo a saliva dos condenados.

Nos poemas

Mas nos poemas que decorei
Canto a melancolia
Dos olhos caídos,
Derramados em prantos
Nesta terra santa.
Nos poemas que amei
Eu conto meus pecados
Elogio os Augustos e Fernandos
Nos poemas que aprendi
Escancarei meu coração
Para os Joãos e para os Paulos.
Nos poemas que escrevi
Anotei para meus amores
Meus sentimentos íntimos.

sábado, 17 de outubro de 2009

Guilhotina divina

Se Deus criou tudo
Da luz ao Homem
Perfeito e semelhante
Criou a imagem do carrasco
Que solta a corda
E a lamina cai
Deus é o carrasco dos Homens
Tão perfeitos em suas imperfeições
Que louvam o pecado
E choram pela morte
Da lamina tênue e carrasca
Da guilhotina de Deus

domingo, 11 de outubro de 2009

Ao Sérgio

E seu amor maldito
sedento por espaço
seu bloco na rua
É uma poesia nas calçadas
tropeçando bêbada
sem ter sofrido nada...

4 da manhã

4 da manhã
Os passarinhos acordaram
Mas eles não sabem
Que um homem solitário
Chora ao amanhecer
Sem saber cantar

sábado, 10 de outubro de 2009

Sem saber

Eu queria saber, como te assustar menos
Como te abraçar mais forte
Queria saber controlar os meus venenos
Não temer a morte
Eu queria saber, como me aproximar
Sem exagerar, sem te machucar
Queria poder olhar nos olhos
Sem medo de perder a sorte

Vinga

E a vida vinga
Dos amores perdidos
Dos amigos esquecidos
Vingança maldita
Esta que espanca os olhos
Que mata os piolhos em nossas cabeças
Que nos faz lembrar
De acontecimentos banais
Mas a vida vinga, e vinga mesmo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O banco

com tempo não se brinca
nem na fila do banco
onde eu leio poesia

A lua e o mar

Quando você apagou
O mundo inteiro olhou
Tentou te achar,
Seu lado escuro estava voltado pra nós
A humanidade inteira chorou
E pôs-se a sonhar
Com o dia que ia voltar
A lua para o nosso mar!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aos meus amigos

Vou largar o mundo
E caminhar sozinho
No vale sombrio
Temendo a morte
Cobrindo os olhos
Respirando o ar puro
Da liberdade
Vou descer os rios
Do sonhar
E velejar os mares
Melancólicos
De minha solidão
Vou amar os pássaros
E todos os animais
Carregar no peito
As lembranças
Dos amigos que conheci
E não vou dizer adeus
Não para eles!

Proteções do amar

Talvez a armadura
Protestando contra mim
Queria mesmo se rachar
Para ver você sorrir

Talvez o escudo protetor
Esteja estilhaçado
Depois de tanto dizer
Chega pra lá

As vendas que cobrem
Os olhos esbugalhados
Rasgam pouco a pouco
Para ver você passar

São tantas proteções
E armadilhas contra
Que me fechei em minha alma
E lá permaneci escondido

Tão pequeno e vergonhoso
Sinto-me agora
Desprotegido e desnudo
Procurando com o que me cobrir

Com medo de morrer
Talvez eu volte atrás
E corra contra o tempo
Preto e esfumaçado

São tantos os erros do passado
Que as placas de aço
Não cobrem o esquecer
Batendo no corpo esburacado

E essa alma sorridente
Que estava junto a mim
Posta de lado
Pois se a chorar

E minha alma enjaulada
Arranhava minha proteção
Querendo sair
Para ver o sol nascer

Eram tantos momentos
Que a proteção quebrou
Agora junto os pedaços
Por que nada acabou.

O clichê

Eu quero o clichê
De te amar
De estar a mercê
Em pleno mar.

Queria provar do teu veneno
Agora tenho dó do meu enceno
Medo deste sereno
Que veio me abordar.

Sou um poeta, destes falidos
Sem esperança nestes partidos
Seja na política ou na sina do amor
Sou um pobre embriagado
De loucura e cachaça brava.

Soltando rimas por ai
Tão rápidas como balas
E belas como a crina de um cavalo
Construindo versos
Enjaulando meu coração

segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Demônios da noite

Estou deveras amedrontado
Para pensar em sono
Os demônios da noite
Aguardam-me ansiosos
Pregarão suas peças
De horrores grotescos
De lembranças malignas,

Sonhos assustados
Correndo para se esconderem
Atrás de minhas ilusões
Aveludadas e lisérgicas,
Que distraídas obscurecem
A luz da noite

Iluminando as feições
De rostos avermelhados,
E levemente sorridentes.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fausto:

"Vejo que tenho em vão do humano espírito
Os tesouros na mente acumulado:
Quando medito, não rebenta força
Alguma nova dentro do meu peito;
Não cresci mais a altura de um cabelo,
Nem mais cerca cheguei do infinito."

domingo, 20 de setembro de 2009

Setembro a tarde

Isso se chama
Loucura
Pessoas e mais
Ternura
Correndo atrás do tempo
Que em um templo
De amargura
Descansa...
Louvar a melancolia
Abraços a distancia
Entre a sanidade
E a amizade
E amor de iguais
Pessoas e mais
Loucura
Sempre com a ternura
De transas soltas
No ar
De setembro a tarde

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Concreto pássaro

Estamos todos vivos
Todos com seus trabalhos
Vivem fechados em quartos
Escuros quadrados
Prelúdios de concreto
Que inibem a liberdade

E o momento que as asas
Dos pássaros batem ao longe
E se desfazem em brasas
Viro aos poucos um monge

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Por quem os sinos dobram

"É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possivel aliado, é
Convence as paredes do quarto, e dorme tranquilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que voce quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que voce pode mais"
Raul Seixas, "Por quem os sinos dobram"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Passos teus

Prefiro a solidão
Da abobada celeste.
O brilho de cada estrela
Contada a dedo
Uma a uma,
Levaria uma eternidade,
Que preferia não perder
Olhando em vão
Cada passo teu
Vagar distante, da solução.
O divino transforma-se em comedia
Diante de meus olhos arroxeados
De tanto chorar.
Não existe horizonte ou por de sol
Mas existe o amanhecer.
Cada palavra dita em sã consciência
Constrói a escada, de pensamentos,
Eterna e gloriosa...
E as correntes arrastadas
Penosamente afinam meus calcanhares
Derrubam-me na lama,
Escravizam minhas lembranças
De infância dolorosa.
Você vai levantar-se contra
Os olhos vis e traiçoeiros
Que observam e taxam cada passo teu.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Dragão

E esse dragão maligno
Que pulsa intensamente
No meu peito desnudo
Devora vagarosamente
Meus desejos por ti
Musa inspiradora
Perversa exuberância
De pele alva e brilhante
Deusa do meu pecado interior
Oriunda de tal beleza
Esplêndida poeira cósmica
Inerente e devastadora
Esse dragão vil, que bebe de meu sangue
Sabe que já não dreno tão bem
Os charcos infelizes de meu leito de morte

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Elha

Orelha cabelha
Cabeça de abelha
Uma centelha
De uma casa sem telha
Tamanha besteira
Que se tem a eira
Plantando ovelha
Numa grelha
E o homem que emparelha
Obstinado com a elha
De uma fruta vermelha

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A lua e o Diabo

O requinte da ironia
Para poucos o mel
Da gafe de um astronauta
Que pisa na maçã
Sem credo
De tamanho holocausto
Baralho de um fausto
Repentino e solto
Diabo travesso
Aquele do contrato
Que trouxe de fato
O homem de volta da lua

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fênix

No fundo do oceano
Que era minha alma
Naquela noite
Eu chorava escondido
Estampava um enorme sorriso
No rosto envelhecido
Que dado a tapa
Avermelhado
Sorria alegremente
Gostando do que acontecia
Masoquista de primeira
Menino de segunda
Em plena quarta-feira
Um poeta de feira
Que colhia os frutos
Em brancas passagens
De vida alheia
E de tanto pensar coisa feia
Queria gritar na beira de um precipício
Que o fundo da alma
Era pequeno e frio
Sem graça
Lá eu ficava sozinho
Estava sem mimo
Com pouco carinho
Arranhando as palavras
Do meu coração
Com giz de cera
Quente de vela fria
Como a alma linda
De uma sereia
Que cantava sem jeito
Em meu leito de morte
Tão forte era a dor
Que sem por o pé no chão
Eu viajava alem dos mares
Com tantos ares
Sobrevoando minha cabeça
Mas nela não havia nada
Caia pesada
No fundo da alma acabada
Encantada com tanta beleza
Que uma simples quinta-feira
Podia trazer para o quadro da sala
Para o jarro chinês cheio de flores
Coloridas com aspirinas
De tanta babaquice
Que eu tinha para falar
Mas no oceano longínquo
Que a jangada deixava levemente
A ventos quentes
Algo ainda repousava
Mas como uma fênix
Iria queimar em cinzas
E renascer mais frágil
Viver essa rotina louca
Dos sentimentos de alma
Poeta lacrimoso
Aprendendo a ser gente
Comum e besta

Um fim no começo

Uma noite no fim
Assim quando o cigarro acabou
O sol ascendeu as nuvens
De um paraíso encantado
Do travesseiro a gloria
Dos sonhos de vontades delirantes
Gostos extravagantes
Uma loucura instantânea
De pular do 15° andar
Tanto conhecimento me levaria as asas
Da sabedoria ao chão esparramado
Sangue e cérebro
Tudo estragado
O sol já vai se por de novo

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Na retina

Luzes rodopiam e dançam
Alegremente, moléculas que brilham
A favor dos sons
De trombetas e acordeons
O céu salpicado de branco
Raios fulgidos fugindo de mim
Pássaros e pequenos insetos
Juntam-se a valsa dos desesperados
As cores múltiplas
De pessoas as avessas
Erros e pecados tão corretos
A natureza canta
Com suas notas de melancolia
A alegria inebriante
De estar respirando
Celebrando a terra
E a lua charmosa
Que em breve beijará o mar
Brilhará e deitará
Ao meu lado
Rodopiando com as pequenas imagens
Gravadas em retina

A cortina vermelha

A cortina vermelha
Cobre a janela aberta
Esvoaçando ao amanhecer
Trazendo som e cor
Ao seu despertar

Mosquitos

Embriagados de sangue
Pequenas pestes reluzentes
Transmitem a radio AM
De suas vontades
Ratificam tudo
E sucumbem a morte.

domingo, 6 de setembro de 2009

meu barco

Coloquei meu barco no mar
O fogo do céu começou a raiar
E cair sobre mim como raios de sol
Meu coração apertado,
Amargurado, pedia desculpas
Nauseava o vento torto
Em meu rosto rosáceo
Envergonhado, pelos pensamentos
Sádicos e inerentes
A vela apagou
A lua miou
O barco afundou

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Julia

Cor, alegria, festa e musica
Rock and blues, jazz aos poucos
Altas horas da madrugada
Um esperto piscar de olhos
Uma janela de um espelho
Um olhar acalentado
Um poema esperado
Uma gloria divina,
Uma conquista mundana
Um crochê emaranhado
Uma amizade
Cor, alegria, rock and blues
Julia!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Saliva

O veneno que escorre
De minha barba
Vem de sua saliva amarga

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

O seu sorriso (Thállyda)

Você precisa de um sorriso no rosto
Um nariz de palhaço
Um abraço gostoso
Um beijo na testa
Uma carona
Um verso em prosa
Uma rima ao inverso
Um pulo de alegria
Outro abraço um novo beijo
Precisa de amigos
Família, amores
Flores em jardins de infância
E janelas pro amanhecer
Precisa de alguém
Que possa chegar, e atenuar
Sua enorme dor
Que consiga enxergar
Nas portas de seus olhos
A fechadura para suas lagrimas
O afago relevante
Que te traga lembranças
Precisa escolher
Que rima viver
Que poesia sentir
De que lado você está
O que precisa fazer
É nunca esquecer
Do sorriso que eu tanto quero ver

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Desamor

Você foi para mim
A solidão da cidade
As pedras na beira
Que gritavam desesperadas para cair
A alegria do canto das cigarras
Em plena primavera
Foi o carvalho
A grama, o nada
A areia vermelha
Da ampulheta dourada
Os 37 sinos do amanhecer
Que badalavam 12 vezes cada
Você foi a praia deserta
Minhas lagrimas doce de tristeza
Meu adeus, você foi...

Admiravel mundo novo!

"E esse é o segredo da felicidade e da virtude: amarmos o que somos obrigados a fazer. Tal a finalidade de todo o condicionamento fazer as pessoas amarem o destino social de que não podem escapar"

domingo, 23 de agosto de 2009

Um Brinde

Ao purgatório
Onde os demônios descansam

A cólera, ao mal,
A morte
Companheira e amante, a ausência

Ao céu onde anjos
e humanos prepotentes
Caminham

A terra que é onde
Eu vivo, onde cairei.

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

Os condenados do relógio

Eu já chorei pelos condenados
Encarei o relógio quebrado
Tantas e tantas vezes
Senti-me como um condenado
E chorei por mim mesmo
E os ponteiros apontados para mim
Em sussurros ritmados cantados em meus ouvidos
Sei que aqui estou
Mandando um recado, para os viventes
Amaldiçoados pelo tempo que aqui está
Quebrado e vazando de vagar
Já chorei por ti, por mim e por mais ninguém.

sexta-feira, 3 de julho de 2009

Sementes

Oriundos da profundeza do ser
Satisfeitos com a sujeira
Embelecidos com luz e a chuva

Velas e sombras na parede
Cigarros acesos e cinzas no cinzeiro
Peões na quarta casa
Goela abaixo muito álcool e desejo

Atrás do quadro negro
Rabiscados com o conhecimento
Estavam as chaves do saber
De cara fechada não queriam abrir

Sentimentos são sementes
Que adubadas da forma certa
Florescem belamente
Encantam nossa mente
E apodrecem lentamente
Corroem com força
Fazem-nos deitar e chorar

Vamos levantar a cabeça
Por o peão na quinta casa
Saborear cada rancor e cada magoa
Beijar cada sentimento alegre
Deitar com os desejos

Vamos apagar o quadro negro
E jogar as chaves fora
Encontrar nosso próprio caminho
Nossa própria porta
Vamos regar tudo isso
Com um pouco mais de calma

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Universo no chão

Tudo que penso
sobre o universo
não cabe
nos ladrillhos do chão

Lisergia

São os movimentos
Lisérgicos da vida
Louca, estranha, paralela
Parabólica
Vida, vidinha, vidão...
As visões, as escritas
Os poemas
As caricaturas, os desenhos animados
O caos, o medo
Paredes abrindo-se para o nada
Portas fechadas em nossa mente
Corpos cobertos de feridas
Cascas grossas
Lisergia evoluída

O queimar das flores

Flores queimando
Sobre a mesa
Pois ando saindo do eixo
Astral e epiléptico
Muita energia
Mantras esquecidos

Ando sobre os pés
Que me guiam a loucura
Esquecimento
Aborreço-me com quase tudo
Mas me acalmo com um único som
Um Dó, um Sol, sua voz
Seu ser, não ter
...
Amar o mar interior
Afogado em seus instintos
Flores nascendo em minha boca
Raízes em mãos e pés

sexta-feira, 26 de junho de 2009

Fico muito triste

Fico muito triste
Que por ventura tenhamos nos afastado
Nos odiado
Matamos o tempo com aqueles velhos costumes
Mais velhos que nosso encontro
Nada mais é belo, nada mais é triste
Nada mais é lagrima, nada mais é sorriso
Carrego dentro do peito
Um nome em chama
Batendo num ritmo acelerado
Tentando gritar
Tentando respirar
Fico muito feliz
Que tenhamos nos encontrado
Hoje sou um discípulo da alegria
Que enterra a melancolia
Debaixo do travesseiro

quinta-feira, 25 de junho de 2009

Mar lacrimal

Escrevi na areia
Palavras levadas pelas ondas
De um mar tenebroso
E cheio de lagrimas
Minhas palavras lavadas
Nunca vão repetir
Tamanha audácia
Tamanha fúria
Quantos papeis em branco
Em que eu poderia ter guardado
Algo tão importante
Rabisquei na parede
Meus sentimentos
Obscuros e esquecidos
Quando pintaram a parede
Aquele mar de ondas lacrimais
Lavou você de minha lembrança

terça-feira, 23 de junho de 2009

sábado, 20 de junho de 2009

Fome Voraz

Hipocrisia é a falta de respeito com quem está ao seu lado... imaginar que essa pessoa nunca vai descobrir que você está sendo falso e dissimulado, é uma boa maneira de construir uma relação da forma que quiseres. Mas tome cuidado meu bem, pois as mais solidas construções sempre tem infiltrações. E o ódio e o rancor afloram com uma fome voraz, e uma força que eu sou incapaz de deter.

sexta-feira, 19 de junho de 2009

Gotas

Gotas fortes batem no chão
Molham a grama
Trazem vida dos céus
Seriam elas lagrimas?
Ou simples gotas que batem no chão?

quarta-feira, 17 de junho de 2009

Puritanos

Vocês falam
Como se fossemos
Ratos entorpecidos
Cheirando sua comida
Nós só não somos
Assim
Cuidamos do horóscopo
E das correntes enferrujadas

terça-feira, 16 de junho de 2009

A voz

A voz soou na cidade
Como uma nuvem distante
Os cidadãos caíram
Hoje mortos
Caminham soltos
Isto não me aflige
Nada obstrui o meu progresso
Em olhar pela janela
E ver o sol tocando o mar

Meus ouvidos sangraram
Quando a voz soou mais de perto
Delirando, dessa vez fui eu que cai
Nos pés da sociedade
Compulsiva
Hoje morto
Caminho torto
Pois nada os impede
De construírem a parede

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Porto

Nos teus braços quero estar
Quando tudo voltar a começar
A chuva o frio, o sol o calor
Entregue e seguro, no porto do seu mar
Peguei no sono e confortável
Só acordei no dia seguinte
E vi que teus braços rodeavam meu corpo
E quando tudo começar
Vou estar aquecido do frio
E amarrado para não boiar para o infinito

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Criança interior

Meus dedos sujos de tinta
Meu borrão quebrado
Quantas palavras escritas
Quanto sofrimento liquido

Hoje estou em dor
Agonizando no bar
Tentando me acalmar
Mas o por do sol
Não deixou

Minha criança interior
Começou a chorar
Viu o sol, e andou sozinha
Soltou minha mão
E subiu ao céu

terça-feira, 9 de junho de 2009

Canto de reflexão

Este é meu canto de reflexão
Minha prisão, minha meditação
Meu copo de café, minha taça de vinho
E tendo fé no escuro
Adormeci

Acordei

Lá eu me enganava
Lá eu chorava
Corria contra o tempo
Cegava a razão
De mãos atadas rezava

Mas não pensava

Mas agora estou só, encolhido
Com frio, procuro um cobertor
E isto é um ciclo
Crença e descrença
Caos e mentira
Medo e dilema

E aqui eu encerro

Minhas atividades

Declaro o Fim

Eterno fim

Fim

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Crimes

Quantas palavras eu não engoli
E quantos lápis gastei
Folhas e mais folhas assinadas
Com o seu e o meu nome
Ate as borrachas que usei foram de mais
Desnecessárias
Quantas mágoas eu cuspi
E deitei para dormir
Anos são muitos quando desperdiçados
Os crimes que comecei
E que nenhum eu terminei
Tudo que eu fiz
Ei! Deixe um pouco de cerveja para mim
Quero ficar bêbado
Mais uma vez ao seu lado
E cometer outra besteira
Falar outra asneira
Vomitar no seu tapete
Quantas palavras carregadas de magoas
Eu proferi
Joguei no seu peito
Enfiei em sua consciência
Espanquei o seu ego
Amei sozinho por muito tempo
O espaço vazio e solitário
Negro e azul
De Céu de nuvens violetas

Mas hoje não tenho nada
Nem alegrias nem muito menos tristezas
Vejo o branco que eu deixei
e minhas palavras não conseguem tocar

quarta-feira, 3 de junho de 2009

Borboletas

A força que fez a borboleta
Quando pousou em meu dedo
Foi de tamanho desinteresse
Que vi o colorido de suas asas passar pelos olhos
E hipnotizado
Cai num choro, meloso e desesperado
Engasgado com meus soluços
Procurei, e não achei
Onde estava a borboleta?
Havia desaparecido
Por isto sorri
Sabia que estava enganado
A força era tamanha
E tão interessante

terça-feira, 2 de junho de 2009

Seu retrato

Dias e noites
Olhei pro horizonte
E vi você
Eu pedi calma
Para meus sonhos
Mas eles me torturavam
Vagos deja-vus
Seu retrato pairava em meio a tantos livros
Mas ali eu mergulhava
E permanecia acordado

domingo, 24 de maio de 2009

O passarinho

O passarinho
Voou
E então pousou
Em um galho tão frágil
Quanto ele
E ali ficou
Cantou
E o som ecoou
E então parou
E ele voou de novo
Mas não pousou
Então ele morreu

sábado, 23 de maio de 2009

Sou quem sou

Sou quem sou
Pois assim me construíram
Não sei se é divino
Nem se é destino
Quem deveria me calar
Me por para ninar
Destruiu os meus sapatos
Colou as minhas asas

Sou quem sou
Pois assim você me fez
Carne e osso
Pobre coitado
Pequenino
Oprimido

Eu sou distinto
Talvez seja destino
Que por acaso
Aconteceu

Sou um vagabundo
Filho do conhecimento
Que me empurraram com o leite
Se sou solitário
Sou um espelho
Não mais que um pentelho
Aqui a atazanar
Sou um coitado
De pulsos cortados
Sem ancora nem vela
Nem sei aonde ir, nem aonde chegar
Minha quilha quebrou.

Esqueci minha rima
Que deveria ser divina
Homero e Platão
Babacas de plantão

Sou um deposito
Sem nenhum propósito
Guardando magoas
Pendurando rancor

Não se iluda
Não tem nada alem
Minha boca é uma granada
Sem pino nem chão
Explode num clarão
De lagrimas e dor

Se arrependimento curasse as feridas da pele
O que curaria as feridas da Alma?

Sou quem sou, pois assim me construí
Saturei meu cérebro
Suturei minha alma
Lavei minhas mãos
E peguei o sapato

Abro a porta e me despeço
Adeus e até logo

domingo, 17 de maio de 2009

E se eu fosse um Livro?

http://educarparacrescer.abril.uol.com.br/leitura/testes/livro-nacional.shtml

Acabei de fazer esse teste, super interessante... e passei o tempo inteiro “eu acho que sou parecido com “Brás cubas” e olha no que que deu :P


"Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis

Ok, você não é exatamente uma pessoa fácil e otimista, mas muita gente te adora. É possível, aliás, que você marque a história de sua família, de seu bairro... Quem sabe até de sua cidade? Afinal, você consegue ser inteligente e perspicaz, mas nem por isso virar as costas para a popularidade - um talento raro. Claro que esse cinismo ácido que você teima em destilar afasta alguns, e os mais jovens nem sempre conseguem entendê-lo. Mas nada que seu carisma natural e dinamismo não compensem.

sábado, 16 de maio de 2009

Reflexões baratas

Um dia um maluco beleza disse assim “antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem“, mas são poucos os estímulos que recebi durante minha vida. Poucos também foram os que acreditaram nas loucuras que eu queria passar em meus versos. Mas eu por ser um poeta sem rima, fui sim desacreditado, e não peço que se emocione com meus poemas.
Sou pernambucano, e maluco, e estou escrevendo aquele livro que é necessário, já plantei uma floresta, e não quero ter filhos (não agora, nem neste sistema), mas mesmo assim eu não sou capaz de “ler o livro que o guru me deu”.
Estou cansado e entristecido, rezei para vários deuses em tão poucos anos, e queimei muitos cigarros. Não achei nenhuma resposta aparente entre tantos mantras e baforadas. Mas veja como aprendi a amar as linhas bagunçadas de um caderno de estudos que deveria ser usado para anotações importantes, e não esta baboseira estranha e melosa, reflexões baratas regadas de copos d’água.
Mas nestas palavras abestalhadas, meio carrancudas, vim anunciar que pretendo mudar as cores do arco-íres de lugar e transformar a visão dos lunáticos. Dizer que rosas são cachorros e que gatos são extraterrestres.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ato de Deus

O que vai sair da mente
Sem pudor:
Ômegas e Pi
Vou rezar por um átomo
Gigante e nordestino
Átomo de viver
Deus maluco, perneta e caolho
Pirata pequenino, cabeça no jardim
Olho vidrado, aquele que sobrou
Brinca com o horizonte
Perna fraca a que sobrou
Não leva ninguém a lugar algum
Fica sozinho, solitário
Soldado da própria fortaleza
Não quero nem é
Outra tristeza
Outro cigarro
O átomo deus, deus átomo
Selestino magricela
Perneta e caolho
Rios e pontes
Deus átomo macaco

quarta-feira, 29 de abril de 2009

Velas e verdades

Acordei suado
Olhos molhados
Assustado, procurei a vela
Mas não encontrei
E no escuro perdurei
E chorei
Havia sonhado com a dama
A mais bela dama...
Seu rosto era uma nevoa
E sua voz uma incógnita
Suas mãos e pés desapareciam
E a pele era cinza em minhas mãos
Onde estava a vela?
Queria ver algo real
Mas eu temia, temia lembrar a verdade

segunda-feira, 27 de abril de 2009

Beijos

Você beijou o doce mel da morte
E acreditava que iria encontrar o sal da vida
Uma nova alma, imperfeita e sombreada
Platão e poesias
Você provou de um veneno forte
Não vomite, nem chore magoas
Provoque minha repudia
Alegre minha ida
Você beijou a libido estonteante
Comeu do prato de prata
Junto à estrela da manhã
Vivenciou um eterno caos
Confusas nuvens de fumaça
Estranhos espectros
Palavras sussurradas
Mas você beijou, escancarou a boca do pecado

domingo, 26 de abril de 2009

O filho

O filho retornou
E assim pude nascer
Ser feliz
Cresci rapidamente
Li livros de filosofia
Quando não devia
Li livros de poesia
Enquanto chorava pela amada
Mas o filho retornou
A casa não é mais triste
E assim eu pude beber
Da amargura ressentida
Dois tragos amargos, um escarro
Um bandido
Mas, o filho voltou
Para assim terminar.

terça-feira, 21 de abril de 2009

ventos e mensagens

Como posso saber
Do júbilo da batalha
Se nunca matei
Se sempre fui um marginal
Rejeitando as leis do mundo
Tentei como Ícaro,
rejeitar as leis da física
E cai de cara no chão
Como posso saber que meus pés tocam o chão
Quando eu não sou capaz de enxergar o fim
Derradeiro e vergonhoso fim
Ventos sopram e contam as mentiras de minha vida
Todos podem escutá-las
Fui fraco, e pequei
Fui infame
Cometi crimes hediondos
Vivi uma vida feliz.

domingo, 19 de abril de 2009

Alegria de estar vivo

Quando a tristeza bate
Uma vontade súbita de chorar
Ando em um caminho enlameado
Cheio de raízes de arvores
Tornando meu acesso complicado
Quando começa a chover
E o suor se mescla com o que vem de cima
Vem uma nova e estranha vontade de chorar
Tem que exercitar a felicidade
Transformar o ambíguo em certeza
Quando no final encontrarmos a praia molhada
Pelas nossas lagrimas, suor e chuva
Pois lá vamos entender
Que estamos deverás vivos
E que não existe chance para perder-se
Basta acreditar, e por pé após pé no chão
Seguir, sem olhar para traz
Pois na tristeza encontraremos a morte
E na alegria de estar vivo encontraremos paixão

sexta-feira, 17 de abril de 2009

No lixo

Eu escrevi um verso para você
Era algo lindo.
Preguei na geladeira

Quando cheguei não te vi,
Guarda roupas vazio
Livros pelo chão

E no lixo encontrei
Meus versos em canção

terça-feira, 14 de abril de 2009

Tempestade e borboletas

Logo após uma tempestade,
Quando o sol beija a terra
As borboletas levantam-se
E beijam o céu

segunda-feira, 13 de abril de 2009

Life is Like a boat (rie fu)

Nobody knows who I really am
I never felt this empty before
And if I ever need someone to come along
Who's gonna comfort me and keep me strong

We are all rowing the boat of fate
The waves keep on comin' and we can't escape
But if we ever get lost on our way
The waves would guide you thru another day

Nobody knows who I really am
Maybe they just don't give a damn
But if I ever need someone to come along
I know you would follow me, and keep me strong

And every time I see your face,
The oceans heave up to my heart
You make me wanna strain at the oars,
And soon I can see the shore

I want you to know who I really am
I never thought I'd feel this way towards you
And if you ever need someone to come along
I will follow you, and keep you strong

And every time I see your face,
The oceans heave up to my heart
You make me wanna strain at the oars,
And soon I can see the shore

(o resto da musica é em japones =D)




sexta-feira, 10 de abril de 2009

Você acredita em poesia?

Eu acredito que tudo na vida tenha sua poesia própria
Uma janela, uma flor, uma pessoa, uma ação, uma atitude
Tudo pode ser resumido em uma poesia
As matanças, as guerras e a frieza com que tratamos os inferiores
Tudo tem uma poesia, ou tudo pode ser uma poesia
Nem todos os versos são bem escritos e cheios de rimas
Cores e metáforas.
Algumas coisas nem precisam de muito;
Rosa,
Uma simples palavra resume tudo, sua beleza e sua traição
Algumas pessoas ignoram suas poesias interiores
Enterram tudo em uma cova rasa, e passam por cima dela
E vivem amargos por suas vidas inteiras
Aqueles que não foram tocados pela poesia, sofrem
E os que tocados pela poesia choram pela dor
Entendem dela um pouco mais...

Filhos

A vida não é simplesmente seguir em frente sem olhar para traz... Compartilhe amor, e viva intensamente em seus filhos




Presente para uma Mãe linda e ansiosa

quinta-feira, 2 de abril de 2009

Deus eu matei

Deus eu matei,
Matei por que eu quis,
Eu Queria matar,
Fiz de coração,
Deus veja minhas mãos vermelhas de sangue,
Perdoe-me...
Pois matarei de novo,
E será de todo o coração

Deus

Beije a cruz do meu pescoço
Reverencie minhas palavras
Admire minha aura
Eu prego a bíblia, assim como pregaram Jesus
Eu te castigarei e te condenarei
Não medirei esforços para lhe subjugar
Eu sou o poder na terra
Vocês me criaram
Não vá de encontro a mim
Beije a cruz fincada no chão
Pois é ali que você vai morar o resto da vida
Esquecido na terra, sem lugar no céu.

sábado, 28 de março de 2009

Palavras

Palavras produzidas,
Palavras pensadas,
Palavras ditas,
Palavras prensadas,
Palavras pintadas,
Palavras estragadas, mofadas, fedendo a óleo.
Palavras duras,
Palavras bonitas,
Palavras em um discurso
Palavras em um poema
Palavras em um romance
Palavras em uma vida
Palavras que guiam o infinito
Palavras grudadas na retina
Palavras esquecidas
Palavras lembradas
Palavras...
Palavras imundas
Palavras estranhas
Letras, linhas e parágrafos...
Textos inteiros, palavras mudas.
Sons vindos da garganta.
Palavras inesquecíveis, ditas por ti.

O nome disso é (resposta a arnaldo antunes)

O nome disso é merda,
O nome disso é sociedade,
O nome disso é dinheiro,
O Nome disso é poder,
O nome disso é família
O nome disso é cuidado
O nome disso é cerveja
O nome disso é assassinato
O nome disso é heroína
O nome disso é sociedade
O nome daquilo é desejo
O nome daquilo é oportunidade
O nome deste aqui é pensamento

E aonde eu vou colocar?

quarta-feira, 25 de março de 2009

Abandonados Guardados

Não adianta mais ser crucificado
Não adianta ficar atormentado
O seu coração não funciona desse jeito
Jesus não quer o seu respeito
Feche essa boca cheia de agonia
Engula tudo que é amargo
Raspe a barba desse rosto esburacado
Que o tempo não teve perdão.
Aquilo que foi abandonado
Deve ser guardado
Não se esqueça de onde veio
Não retorne ao principio acorrentado
Calce seus sapatos mais uma vez
Suba aquela escada tortuosa
Sangre pelos poros de suor
Cuspa essa saliva amedrontada.
Leia o livro da morte, não tente achar respostas
Pois elas ainda estão guardadas
Pois elas não foram abandonas
Nem ao menos esquecidas
Foram trancadas numa gaveta
E a chave está no seu pescoço torto
Não aceite o que é errado
Nem que tenha que saber
Jesus não te fez nada.

O buraco do espelho (arnaldo antunes)

"o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar aqui
com um olho aberto, outro acordado
no lado de lá onde eu caí
pro lado de cá não tem acesso
mesmo que me chamem pelo nome
mesmo que admitam meu regresso
toda vez que eu vou a porta some
a janela some na parede
a palavra de água se dissolve
na palavra sede, a boca cede
antes de falar, e não se ouve
já tentei dormir a noite inteira
quatro, cinco, seis da madrugada
vou ficar ali nessa cadeira
uma orelha alerta, outra ligada
o buraco do espelho está fechado
agora eu tenho que ficar agora
fui pelo abandono abandonado
aqui dentro do lado de fora"

segunda-feira, 23 de março de 2009

Meu salvador

Seus relógios
E ovos fritos
Pedras pensantes
Cabeças errantes

Caixas que guardavam universos inteiros
Gavetas em todos os lugares
Rostos abalados pela vida
E pelo tempo derretido

Seus sonhos horripilantes
Seu sangue frio
Animais ferozes
Pequenos enxames de abelhas

A melodia de seus pinceis
A rima de suas cores
Salvou minha vida
Sem nem mesmo saber
Nem se importar
Não pintou minha lagrimas
Nem meus sapatos.

sábado, 21 de março de 2009

Mãe Serpente

Sou filho da serpente
Devoradora de cadáveres
Sorridente, cuspindo seu veneno pelo mundo.
Bebendo deste sol decadente
Sugando força do vinho
Rasteja pelos caminhos da vida
Roendo as raízes robustas
Comendo os frutos da morte
Mata sua sede com seu próprio sangue
Condena a lua e as doze velas
Invocadoras sorridentes
Encantadora de serpentes
Morde, rasga suga
O pescoço da pobre fúnebre concorrente
De tão célebre mata a fome e o desejo
Minha mãe, o monstro reluzente
Que brilha mais que fogo morto.
Devoradora de bestas astrais decadentes
Correntes do acaso
Presas em suas caudas
Estacas de prata em suas mãos
Olhos deprimentes
Transmite o medo, o caos a agonia
A mãe serpente
Derrama seu veneno pelo mundo
Transforma todo bom cristão
Em cão...

Isto é a guerra

Só o que escutamos
São lagrimas e explosões
Sentimos o cheiro de pólvora
Farejamos o gosto da morte
Beijamos defuntos já envelhecidos
De tanto medo, agarrados no chão
“Isto é a guerra”
Disse um desconhecido

sexta-feira, 13 de março de 2009

"O Louco" Gibran

"Perguntais-me como me tornei louco. Aconteceu assim:

Um dia, muito tempo antes de muitos deuses terem nascido, despertei de um sono profundo e notei que todas as minhas máscaras tinham sido roubadas – as sete máscaras que eu havia confeccionado e usado em sete vidas – e corri sem máscara pelas ruas cheias de gente gritando: “Ladrões, ladrões, malditos ladrões!”
Homens e mulheres riram de mim e alguns correram para casa, com medo de mim.
E quando cheguei à praça do mercado, um garoto trepado no telhado de uma casa gritou: “É um louco!” Olhei para cima, para vê-lo. O sol beijou pela primeira vez minha face nua.
Pela primeira vez, o sol beijava minha face nua, e minha alma inflamou-se de amor pelo sol, e não desejei mais minhas máscaras. E, como num transe, gritei: “Benditos, benditos os ladrões que roubaram minhas máscaras!”
Assim me tornei louco.
E encontrei tanto liberdade como segurança em minha loucura: a liberdade da solidão e a segurança de não ser compreendido, pois aquele que nos compreende escraviza alguma coisa em nós."

domingo, 8 de março de 2009

Dialogo longínquo

Não sei quais os fundamentos da vida, não sou capaz de entender a morte, e por enquanto vou me manter alheio a este assunto. Devo aprender a caminhar sobre minhas próprias pernas, cair de cara na areia salgada da praia dos desesperados, sedentos por conhecimento, seja ele cientifico, filosófico ou popular. Tenho apenas duas décadas de vida, já parei e voltei a fumar diversas vezes, uma tentativa patética de me libertar da sociedade. Não quero ser alguém nas margens, nem quero ser um partidário babaca. Quero ser quem eu sou, e descobri-lo a cada dia que passa. Quero achar meu tempo, perdido no pântano dos meus sonhos, quero desenterrar os tesouros esquecidos do meu passado, quero viver meu presente, futuro ate o dia do fatídico fim.

Cansei de ser apocalíptico, e pensar no fim, ele chegará e me levará... mas até lá? Há, esperarei vivendo intensamente meus ideais de loucura.

Sou apenas um garoto vivendo estranhamente neste planeta desigual, desumano, descomunal. Minhas lagrimas não conseguem mais lavar a sujeira que vejo nas ruas todos os dias.

Estou suado, e sou sem graça, sem sal nem pimenta. Não tenho gosto, nem cheiro. Sou arrogante, e bisbilhoteiro, sempre procurando as chaves da razão. O mar caótico interno corrói meu ser externo, estampa para o mundo o quão fraco estou agora.
Já não sei, nem se devo saber. Mas há algo errado com tudo isso que vivemos. Esses estilos de vida, toda essa religião e esses conceitos de vida. Tantas regras para serem quebradas, tantas desigualdades a serem mantidas.
Temos que quebrar os paradoxos desta existência mesquinha. E precisamos aprender a ser altruístas e viver em harmonia uns com os outros... Seres humanos e vermes insignificantes.

Sendo os gananciosos, parte dos vermes, e os sonhadores parte do todo.

terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

A Liberdade

A liberdade
Não é uma bandeira
Nem ter a chave do pensamento.
Liberdade não é ter leis, e edifícios monumentais
Cabeça de cada um é livre
O chão imundo e cheio de mendigos
Vivendo a independência
Liberdade não é ter mentes pensantes
Liberdade é ser vivant
Não adianta gritar para os pais
Bater o pé
Correr contra o muro escuro
Liberdade é cantar canções
Que venham do fundo da alma
Beber do melhor conhaque
E fumar um belo charuto
Liberdade é dormir de cueca!

domingo, 15 de fevereiro de 2009

Criação

As portas estão trancadas
Como os olhos estão cerrados
Os fios tecidos pelo destino
Presos na raiz da arvore da vida
Estão soltos, estou livre
Esqueci a palavra, sei que era um verbo
Agora sei
Foi abandonada a criação

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Garras do desejo

As garras do desejo
Estão cravadas em meu peito
Arrastam-me para a tentação
Indagam minha sanidade
Vasculham minhas lembranças
Meus sentimentos confusos
Obscurecidos por nuvens escuras
Tempestuosas, cheias de energia
Sou uma bomba relógio
Que só pensa em fornicar
Nada alem de desejar
As garras do desejo são cruéis
Subjugado, humilhado
Não passo de um amante vagabundo

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Nos reinos do esquecer

É horrenda a estadia nos reinos do esquecer
Sou Poeta, o sozinho
Estranho jubilo melancólico
Que encontra a morte
E beija a face da escuridão
Olhos esbranquiçados
Onde a luz não atinge
Trevas não dominam
Nem medo carrega
O sorriso amarelo e amargo
De nascença e de burrice
Pés e mãos atados na corrente
De um mar enfurecido
Estou esquecido
Perfurado por lanças
Meu maior pecado
Sanguessuga, carniceiro
Sou Poeta, o menestrel
Que canta a loucura
E procura um abrigo
Ensandecido, fedendo a sangue
Sangue de meus dedos
Arrasados nas paredes solidas
Do pensamento.

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Vai aparecer

Conversas intermináveis
Com sombras pintadas na parede
Palavras desconexas
Olhos vidrados no espírito andarilho
O medo de não reconhecer
Aquilo que aparecer
Conversas interrompidas
Por forças não naturais
Sombras andando livremente
Um caminho sombrio
Olhos cegados pelos espíritos do mal
A vontade de correr, a força para morrer
O medo de não reconhecer
Aquilo que vai aparecer.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

A Rosa e a Dançarina

Dançarina de olhos verdes
Mexe-se com tanta leveza
Que meus olhos não se canção de olhar

Sorriso radiante que me dera
Transforma os olhos em diamantes
Retira o libido e me entrega felicidade

Rosa vermelha, magnífica
Eras só um botão tímido
Hoje cheirosa

Pois seus espinhos, não machucam minha mão
Não alcançam meu coração
Mas não evitam a lagrima teimosa

Dançarina, cigana, Menina, mulher
consegues mexer com minha imaginação
enches de paixão o meu dia

Juntos aprendemos a admirar os sons do coração
Enchemos nossas lembranças de canções
Inesquecíveis, oh dançarina.

Rosa amarga, companheira
Faz de sua vida, uma simples estadia
Encanta de beleza a mais pura realeza

Tão nova nasce, pra tão nova morrer
Leva contigo o perfume
Para nunca mais se esconder.

segunda-feira, 2 de fevereiro de 2009

Repouso

Com o repouso da mente
Caminho com minha casa empacotada
Agarrada em minhas costas
Vejo os dois corvos voarem em direção aos céus
E acredito que ainda exista esperança
Para uma terra de miseráveis
Fardados a lutar pela sobrevivência
Elevado, sou capaz de perceber tudo ao meu redor
Hoje existem poucas fogueiras acesas, e muita fumaça no ar
O ar está congelado, assim como nossos corações
Mergulhados em desespero e lagrimas
Mas continuo olhando os corvos voarem, e sei
O vento é uma mensagem
E nós esquecemos como ouvi-la
Só sentimos que ela passa e vai embora
E que nunca mais iremos saber.

sábado, 31 de janeiro de 2009

Filho de Deus

Por que ser chamado de filho de deus
Se sou filho da puta,
Desgraçado!
Tenho sangue em minhas mãos
Sangue em minha boca, palavras não ditas
E escritas em um diário esquecido
Tenho medo de não ser reconhecido
De ter sido esquecido pelos lares bárbaros dessa terra
Ter sido espancado por um pai
Ter perdido a sanidade mental, em algum lugar na infância
Sádica e maldosa comigo.
De que adianta ser filho de deus se sou apenas um filho da puta?
Vou morrer, ter meus livros jogados no lixo
Ter que ver meus filhos sofrerem calados
Sem saber por que não falaram o que queriam para mim
Vão ler as palavras que quis esquecer nos diários do tempo
Vão chorar em vão lagrimas de sal
Por um pai que não era nada
Mas todos insistiam em chamá-lo de filho de deus

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

Carta para Deus, e o mundo

Cartas de amor
Amareladas pelo tempo
Vidros de perfume abandonados
Roupas jogadas no chão da sala
Pratos de comida vazios e famintos
Copos de água com cerveja gelada
Gestos esquecidos no passado
Carinhos perdidos no cabelo
Sapatilhas jogadas no asfalto
Dançarinas saltitando felizes
Varas de pescar enfiadas na terra molhada
Banhada pelo rio misericordioso
Fomos todos abandonados por deus
E aqui permanecemos atentos
Gritando calados.
Por salvação, por esquecimento.

Funeral

Com a boca cheia de algodão
E os dedos cheirando a formol
Observo o guardião do cemitério
Fechar os portões, para encerrar o funeral
Os vivos de luto caminham de volta
Para uma vida sem sentido...
...sem sentimento
O preto do céu
O calor das velas que foram acesas
O perfume das rosas em cima de meu caixão

Sinto-me só...

Agora os moribundos que vagam por estes lados
Acordam todos os dias com um frio na espinha
De que vão me acompanhar
Deitar-se-ão ao meu lado nas sepulturas
De suas vidas medíocres

Estou aqui preso, condenado a sofrer
Sinto o veludo com a ponta dos dedos
Agora não vejo mais nada
Nem se quer sei se ainda consigo sonhar
Não consigo lembrar o sabor de seus beijos...

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Excelente companheira

A solidão é uma excelente companheira
Com cerveja e maconha
Conversa comigo sobre o universo
Argumenta sobre a loucura
Cospe alguns insultos
Acompanha-me todas as vezes que surto
Que piro, e jogo minha roupa pro alto
E quando bebemos vinho, fazemos sexo a noite inteira.

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Pedras selvagens

Pedras selvagens
Montanhas se levantam
Em Gigantes deprimidos

sexta-feira, 16 de janeiro de 2009

Céu

Olhe! O céu sem estrelas, o quão triste isso poderia ser...
Tem a lua que alivia, e seu sorriso que me traz alegria.

quinta-feira, 15 de janeiro de 2009

Eu ainda quero

Quero atravessar a America latina
De norte a sul, leste a oeste
E ver todas as belezas culturais,
Cada montanha eu quero subir
E ver o sol nascer como os deuses viram.

Quero mochilar por toda a Europa
Bater de porta em porta
Subir no trem que separa o meu tempo.
Entrar em cada igreja e sentir o cheiro da exploração

Eu ainda quero caminhar
Pelos cursos dos rios cheios de vida e esperança

Quero alcançar o cume do Everest
Escalar o Himalaia
Conversar com atlas.

Quero nadar todos os oceanos,
Admirar os peixes nos corais
Pegar onda,
Mergulhar nos naufrágios mais famosos
Sentir a areia molhada sob os pés

Eu ainda quero ir de um lado ao outro da grande muralha da china
Com meus pés e olhos
Meus únicos pertences.

Quero escrever um livro.
Depois de ter lido que me impressionou
De ter chorado a cada final
Após decorar cada verso
Quero escrever os meus.

Quero ficar sozinho, em um lugar perdido
Namorando o por do sol
Sem nenhum compromisso

domingo, 4 de janeiro de 2009

A cela

Aquele sorriso no rosto
Pintado com a maquiagem da mãe
Os olhos do pai, a orelha da mãe.
O orgulho esquecido e impedido pela morte
A arrogância estampada e colorida
O sarcasmo passado de pai para filho
O medo bem conhecido de dizer adeus
A quantidade de livros não lidos
Poemas que deixei de escrever
Xícaras de café que joguei na pia
A estranheza de amar, sempre algo novo
De ver as fases da lua, o nascer de um novo sol
De piscar contra o vento
De rir na hora errada.
Estive trancado, por muito tempo
Em uma cela de amargura,
Decorada com a lembrança
De dias não vividos, de sombras grotescas
Vivi por muito tempo, sem horizonte
Sem chão nem coração
Iludido, com a acidez do destino
Espantado com a nudez do mundo
Admirado com a ironia do mudo.