terça-feira, 30 de setembro de 2008

Divã (homenagem a Paulo Roberto Medeiros)

Você era um reconfortante divã
Onde eu podia reprimir toda minha frustração
Em atos sexuais carentes, beijando seus pés.

Lembro-me até hoje
O baque que levei, quando eu soube.
Eu não pude fazer nada.
Quando tinha lhe visto pela ultima vez
Eu não te contei tudo
Afinal eu não sabia.

Perco-me nas lembranças
De conversas eternas
Você era o único que me ouvia
E também era o único que me falava
Naquele seu jeito calado de ser.

Você era um reconfortante divã
Aquele lugar aonde recostava minha cabeça
Na esperança de um dia voltar a escutar
Palavras sabias embrulhadas em charadas

Pergunto-me o porque, das coisas
Mas saber de tudo não me parece solução
Você morreu, e não me disse adeus,
Pois havia me ensinado que até logo era breve.

Ninguém sabia, pelo menos não eu, de suas fraquezas.
Um vento forte, uma pequena dor no peito.
E aquelas luzes brancas invadindo o quarto pela manhã
Também foi você que me ensinará a valorizar minha vida.

Naquela noite de carnaval
Eu não cantei a euforia dos bêbados da avenida
Eu chorei o desespero da morte
O gosto áspero de saber
Que dali em diante estávamos novamente sós
Eu e meus medos.

Foram anos juntos, conversando.
Primeiro cara a cara.
Dois anos depois,
Veio o divã
No começo eu queria dormir
E às vezes ainda acho que tirei bons cochilos.

Dialoguei sobre meus sonhos
E angustias.
Você era o único que sabia meu medo da solidão
Espelhada na morte
Meu pai morreu, você morreu
As pessoas morrem.
O baque é sempre grande

Você é o divã que irei carregar para sempre
Nas costas, com garra e vontade.
Irei degustar de lembranças amargas
Da falta de adeus.
Vou deitar, às vezes vou saber o que fazer
Com seu silencio... seguirei.

domingo, 28 de setembro de 2008

Todos os amores

Já andei por ai
Diversas vezes
Procurando um amor que correspondesse
Já amei, sem ter por que amar,
Já segui em frente por não conseguir deixar
Chorei e me arrependi
Briguei com tantas garotas na minha vida
Que nem sei por onde começar.

Amei quem estava tão longe de mim
Como acariciei peles macias tão próximas
Conversas jogadas fora, em ralos de banheiro

Amei profundamente algumas vezes
Pois digo hoje, um pouco mais velho
Que diversos amores que carreguei comigo
Foram apenas ilusórios
Capazes de me manter vivo e sedento
Enquanto chorava a sua perda.

Mas no fundo no fundo
Meus amores ilusórios, se mantinham longe
Sem o toque da pele
Sem o beijo da morte

Consumimos tanto de nos mesmos
Quando amamos que nem percebemos que não vale tanto assim.
Tragamos o amor que é correspondido
Cuspimos aqueles que não.

Vejam as estrelas e leiam o que elas têm de bom para contar
Ria um pouco, mas n engasgue as gargalhadas sinceras.
Não soluce a toa, pois o vão constrói uma ilusão
Pinte nas paredes seus sentimentos
Não tenha vergonha de amar

Eu já amei tantos nomes,
Imperfeitos e sem rostos
Tantos jeitos de ser,
Anéis e brilhantes
Já ouvi tanta musica
E cantarolei os pedaços que lembravam nós dois

Eu perdi o que a vida tinha de bom
Cresci e parei de enxergar a verdade
Por traz de tanta nevoa.
Amar o desconhecido e imperfeito mar
Correr alegre atraz de qualquer pessoa

Poucos sorrisos, alguns piscares de olhos
Almoços em família, jantares amigáveis
Gestos acenando para o horizonte
O infinito perseguindo os amantes

Amar a grosso modo é sofrer
O drama de viver
A repetição
Os erros, e os novos acertos
Quantos amores eu não tive ate hoje
E quantos eu não vou ter!

Como já disse antes
tudo ate agora
foi escrito com um propósito
não exaltarei os amores novos
não esquecerei os antigos.
Não foi uma triste ilusão
Perdida em beijos e carinhos
Somos homens e corremos perigos
Somos amantes e arriscamos,
Amamos.

Não dá para esquecer,
É inevitável lembrar
O lado fraco regurgita
O medo pálido

O passado bem acompanhado
Assado com batatas
É triste dizer que esquecer
É difícil
Choramos e esmurramos
Paredes sólidas em nossa frente

O amor atual
Sofre com as conseqüências de ser
Algo novo e desconhecido
Meu dever é ser um pouco louco
E tratar isto muito bem
Uso os erros do passado, para concertar o presente
Leio em livros receitas
Pois neles eu não encontro Feitiços

Carrego em minhas costas
O dever de ser sincero
Pois a mentira amarga o peito
E entristece os olhos

Rancor, ardor.
Escrevo para aliviar minha dor
Espero que entendas
Sem lagrimas nos pés
Que tudo está aqui
Um dia eu vou te trazer
Um lindo buquê
Mas não me pergunte o porquê
De ser tão bravo com o tudo
O Mudo mundo, mudo as palavras

Vou descrever agora
A sensação de ter
Alguém tão perto
Esbelto, cheiroso
Abraçado a mim

...

Todos os amores que passaram por mim ate hoje
Não sabem a importância que tiveram
Construíram meu jeito de amar
Minhas mais fortes características
Principalmente a de sonhar.

Não vou catalogar
Algo tão singelo
Nem te entregar
Algo tão sincero

E eu vou ganhando tempo desta forma
Mesmo se eu morrer agora
Vou saber que minha ultima cartada
Deu certo
Acertou em cheio o seu ego

Quantas páginas mais vão ser necessárias para
Eu descarregar toda a frustração
Que embaralhei no carteado
Quantas vezes mais, vou escrever pequenos versos,
Em que um porco romântico chora por você?

Eu já sonhei bastante
Agora estou acordado
Escrevendo um acordo:
Eu irei te amar,
Você irá me esquecer
Eu irei seguir
Você irá voltar
Eu vou amar novamente
Então você vai chorar
E vamos juntos nos arrepender
E vamos juntos nos separar
E juntos vamos lembrar
Tudo que vivemos
Vamos esquecer...

...

Quantos nomes eu posso me lembrar?
E usar neste fim de carta
Os nomes da infância
Ou da adolescência
Posso escrever assim
“Menina veja bem olha quem já vem”
Este é o fim da carta
E nele gostaria de assinar um nome bonito
Ou Todos os nomes
De Todos os meus amores

Notoriamente agradeço
Eu hoje não sou nada
Alem de lembranças
Enfiadas numa poesia
De significado enlameado
Do seu querido e amável Guillen

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Estou queimando todas as minhas poesias

Nesta tarde de setembro
Junto todos os meus papeis
Onde eu possa um dia
Ter escrito qualquer coisa
Em forma de versos.

Tudo que naquela época:
Me entristecia a toa
Não me importava
Com atuações erradas
Nem ligava para a alegria
Das coisas pequenas.

Todas as palavras
Que juntos tinham
Significado obscuro
Falassem de amor.

Amontoei toda uma vida
Folha sobre folha
Contei algumas centenas
De poemas e atos.

Coloquei em ordem
Tudo que me fazia
Lembrar de você,
Fazia-me sofrer.
Eu queria chorar!

Ateei fogo
Para me sufocar
Com a fumaça
Dos papeis aonde eu
Imortalizara nós dois

Acabou...
Demorou!

Folha de papel

Quando duas pessoas que amam
Agem como crianças
Rasgam os papeis
Em pequenos pedacinhos.
Pedaços tão pequenos que geralmente
Eles se perdem na hora de juntar
Cabe aos apaixonados procurar
Cuidadosamente pelos mais ínfimos pedaços
E coloca-los em ordem
Sabendo que a relação
Nunca vai ser da mesma forma lisa e charmosa
Algo parecido com rugas e arranhões
Vão perdurar os dias até o momento
Em que os pedaços de papel forem reciclados
E voltarem a ser um único e branco
Pedaço de papel

Carta para a lua

A lua anda sorrindo para mim
Percebo que o brilho eterno do sol
Refletido na beleza da lua
É realmente capaz de iluminar uma existência
De ascender os desejos mais profundos
De esconder os segredos mais profanos
Basta olhar para a lua
E sonhar um pouco...

domingo, 21 de setembro de 2008

Escute meu bem

Foi tudo ótimo enquanto durou a musica
Dançamos juntos uns ritmos loucos
Tirando o pé do chão levando a mente pro céu

Agora eu estou só
Esquecido da tempestade
Lembrando dos passos
Que me tiraram do sério

Quando o amor vai embora
Memórias de umas lagrimas
Derramadas em vão

O telefone toca
Ouço sua voz
Viro a cabeça
Volto a dormir

Agora eu jogo xadrez
Gambitando com o diabo
Escutando sua gargalhada
Xeque mate

Suado e com medo
Deitado sozinho
Lendo algumas cartas de amor
Que escrevi e não enviei

Quem me visse deste jeito
Pensaria sem duvidas
Que estou sofrendo
Não estaria errado.

Mas toda a melancolia
Transformara-se em flores
Estranhas e cheirosas
Que eu juntei num único vaso

Derreto-me na escuridão
Pensando nos versos
Que quero escrever
Dedicar e impressionar

Ando mais maduro
Falo menos besteira
Caminho sozinho
Fazendo besteira

Ainda sou um menino
Infantil e triste
Mórbido e carrancudo
Que acha que todo o mal vai ser curado com pouca rima.

Penso ser fácil escrever
Pego o lápis e rabisco meu nome
Diversas vezes
Querendo gravar palavras em grafite
Nas paginas amareladas, de um caderno antigo e empoeirado.

Guardo tudo no meu coração
Esta bela canção
Aquelas que dançam mais cedo
Os nossos pés

Não vou dizer que te amo
Não vou voltar atraz
Não vou dizer adeus
Não quero olhar para traz

Deixa disso
Vem comigo
Vamos embora
Para um outro lugar

Copacabana

"E em cada verbete
Um singelo lembrete:
"Em sua companhia quero estar"
Quero te ver de corpete
Te guiar num Corvette
E seguir sem destino pra chegar"
Móveis coloniais de acaju

“sinto copacabana por perto é o vento do mar
será que a gente chega
eu sinto que o meu coração tá com jeito de bem me quer
mulher”
Marcelo Camelo


sábado, 20 de setembro de 2008

ultimo cigarro

Tarde da noite.
Tudo escuro,
Algumas luzes, dos postes distantes de alguma rua.

Andando sozinho
Tremendo de frio
Lembrando daquele ultimo cigarro que fumei agora há pouco.

Se for preciso
Eu parto,
Eu quebro tudo
Apago o cigarro.

Eu paro de beber,
Esqueço o café
Faço de tudo para te largar em qualquer lugar, com meu isqueiro vermelho.

Vou trazer as balas de menta para o quarto
A garrafa d’água
Os livros de literatura, que residem sozinhos em outro aposento.

Para te esquecer
Eu paro de fumar
Começo a cantar melodias tristes e cinzentas que combinem com a noite.

Pouco iluminada,
Nem o braseiro
Que habitava meus lábios, esquio e quente, consegue iluminar.

Vou assobiar aquela nossa canção
Por que para te esquecer
Eu paro de fumar

Você para nós foi em vão
Como um lampião repetindo o brilho das estrelas
Eu para nós fui em vão
Lembrando daquele dia, que dia, em que nos dois ainda existia.

Eu ainda tremo
Pela manhã
Lamentando aquele ultimo cigarro que fumei.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Retratos

Quantas vezes eu não chorei
E conversei sozinho
Olhei para o espelho
Sonhei acordado
Quantas vezes eu te vi
Sorrindo para mim
Cuidando do meu caráter
Zelando pela minha infância
Todos os retratos
Guardam de ti, lembranças.

terça-feira, 9 de setembro de 2008

Avião

Eu estava na varanda
Olhando a paisagem
Fumando meu cigarro
Quando veio aquele
Avião fazendo
Aquele barulho
Que todo dia
Me acorda de manhã

Biblioteca

Olhando pela janela
Cutucando o rosto
Roendo as unhas
Lendo um livro
Cientifico a quase
Duas horas sem parar.

Olhando as letras
Se camuflarem
Como uma só
Meu pensamento voa
Coçando a cabeça
Para ver ela parar.

Jogo o livro longe
Perco a paciência
Já não sei mais estudar
Talvez não queira,
Aprender a verdade
Só quero ver o tempo parar!

terça-feira, 2 de setembro de 2008

Só o tempo

Dedico minhas palavras
mal formadas para o vento
que sussurrou as mais belas
respostas em minha mente
confusa de sentimentos
e completa de idéias
que formaram-se
com o tempo
e só o tempo
pode ler!

Forasteiro

Longe daqui
Forasteiro
Sem livro para ler
Longe de casa

Sem destino
Sobe montanhas
Atravessa vales
Nada os rios e lagos.

Sempre sozinho
Em seu caminho
Vive a refletir
Nunca a repetir

Sentado no topo de uma cachoeira
Com sua vara de pescar, forasteiro
Tentando fisgar os sonhos do mar
Pescando apenas desejos no céu

Longe de casa forasteiro!
Você transpõe obstáculos
Do lado de casa
Apenas da à volta.

Neste mundo
Vasto de conhecimento
Carrega contigo sentimentos
Esquecidos pelos outros

Imortal, anda pelo caminho das estrelas.
Desconhecido, corta lenha e constrói novos caminhos.
Esquecido, usa a lenha para construir pontes.
Sentimental, observa o seu legado.

Aos poucos a saudade aperta
Olhar para trás jamais,
Trilhando segue até encontrar
O brilho do seu olhar...