domingo, 24 de janeiro de 2010

A cova ou As mangas do cemitério

Em silêncio eu me enterro,
Nesta cova,
Minha sepultura não precisa de rosas,
Pois ela tem o estrume do meu corpo,
Vagarosamente as mangas do cemitério
Pegam o gosto amargo da morbidez do meu ser.
Eu tenho o dom de ferir
Os corações alheios
Escrevo versos com grades de prisão
Para enjaular seus sentimentos
Sou um completo sedutor
O maior dos “Don Juans”
Seus olhos só carregam pena de mim.

Espelho quebrado ou O mentiroso

Sou o pior dos males
Que poderia ter acontecido
Para a menina que tinha medo de se apaixonar,
E quando se apaixona
Descobre que o anjo era um caído,
Descobre que ele é um salafrario,
Enche de lágrimas os olhos
Por não acreditar que aquela tal beleza,
Não passava de um vil espelho
Quebrando-se pouco a pouco,
Mentiroso e vagabundo,
Que usa as palavras para enganar e afundar o coração dela no mais
Fundo dos abismos colossais,
Aquele ser grotesco,
Que apareceu para ela agora,
Não é digno de nada, nem de pena, e ela agora foge!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ao Silêncio

Vim falar ao silêncio
que ele não se cale
não se perca
vim falar do silêncio
Que ele é lindo
Irradiando o nada
Em mentes paradas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Arrependido ou Sou maldito

Sou maldito
E choro o som das flores
Meu sangue derramado
Na calçada da fama
Junto as bitucas de cigarro.
Meu poço lacrimejante
Dança a melodia das rosas.
Caído na rua
Com medo da morte
Temendo a Deus e a todos os olhares anônimos.
Lagrimas de arrependimento,
Conversas alongadas
Como batatas da perna.
Só um soco na barriga para me apagar
Deste mar de euforia constrangedora,
Contagiado pelo álcool
Ouvindo uma flauta celeste
Que me traga feito charuto
E me cospe feito catarro.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sem forças para desafiar

Me faz bem estar ao seu lado
Mas me curvo ao silencio
Curvado permaneço
Apenas escutando
Que sou o pior homem na terra
Calado permaneço
Observando ires embora
Mas quem sou eu
Para desafiar meu peito tapado
Minha alma rachada
Quem sou eu?
Pergunto a deus, em quem nem acredito
Quem sou eu?

Que volte

Arranquei da parede
Os poemas de amor
Que te escrevi
Com tanto remorso nos dedos
Que lembravam cada palavra
Pensada, trabalhada
Perdi tanto tempo escrevendo sobre sua pessoa
E aqui estou eu, escrevendo mais um
Fico me puxando para a escuridão
Namorando a solidão
Que voltem os poemas melancólicos!!!!
Que volte a tristeza relutante
Dos grilhões do pensamento
O ódio contido no lápis
Vou afogar a alegria
E os versos românticos
Em copos de cachaça
Gritando na rua que não te amo
Que volte a morbidez das noites sem dormir
Dos sussurros soturnos
Dilacerando poesia
Contra a brisa
Que volte a morte
Presente nos sonhos de criança
Que volte Lucifer, meu pai, minha infância
Mas que você morra, bem no fundo da minha alma
Pois ela chora, e pede para que vá embora
Sem demoras.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Morpheus

Quero me livrar do silencio
Da garganta
Do catarro sufocante
Me acorde
Me acode
Livre de mim este mal
Olhando os olhos do demônio
Pelo espelho estilhaçado
Vejo em obras poéticas
De amigos e grandes nomes
Inspiração de vida
Corro e soco a parede
Grito e bato a cabeça na porta da vida
Pego um poema por dia
Leio,
E repito-o pro ouvido satânico
Que se delicia com minha maluquice
Sou pernambucano, poeta
E não ganho nada com isso
Tenho medo de tudo no mundo
Tenho medo de não acordar
E ainda mais de ir dormir
Morpheus venha me ver essa noite
E me presenteie com novas premonições
De um futuro esfumaçado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sua dor (para Glauco)

Poeta, bandido
De rosto costurado
De braço dilacerado
Minha dor é ver você assim
Acostumado com a morte
Dizendo-me em noites de bebedeira
Que ela já fez metade do caminho
Minha dor é ver você assim
Impotente, sem ninguém ao lado
Sofrendo por tudo (e por nada)
“Mas eu não sofro não”
O baralho vistoso, leu sua sorte
Seu dia não tarda em chegar

domingo, 17 de janeiro de 2010

O silêncio da noite

São sapos
São grilos
São ares-condicionado
Condicionados
A fazer barulho
Ensurdecer a noite
Calar o dia
Assassinando o silêncio
Noturno
Soturno
Calado leve noutro
São homens
Aqueles vis colecionadores
De sinfonias satânicas
Que estouram
Os tímpanos acostumados
Com o silêncio dos roncos
De motores alucinados