quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Cigarro, Churrasco e Amor

(primeira versão)

Fogo de cigarro, churrasco e amor,
Brasas de cigarro, churrasco e amor,
Fumaça de cigarro, churrasco e amor,
Fome de cigarro, churrasco e amor,
Nada alem de cigarros, churrascos e amor!

(segunda versão)

Fogo
brasas
Fumaça
Fome
Nada alem disso,
Cigarros, churrascos e amor...

(terceira versão)

Fogo em brasa
Fome de fumaça
Nada alem de
Cigarro, churrasco e amor

Acreditar em Deus

Eu queria acreditar em Deus
Fiz de tudo, olhei pro céu
Olhei pro mar
Senti o vento
Vi os animais e todos os humanos
Caminhei em praias desertas
Procurei em todos os lugares
Nas janelas abertas para o por do sol
Nas conversas ao amanhecer
Nas filosofias de bar
Em todo o meu desespero
Fui desencorajado
E nada encontrei
Alem de tudo que já estava lá fora
Antes de nós, humanos
O inventarmos...

domingo, 25 de outubro de 2009

Perguntas de mãe

Minha mãe me pergunta
Por que você fuma?
Por que você bebe?
Por que você não trabalha?
Por que simplesmente não amas?
Onde está sua felicidade?
Onde estão os seus amigos?
Onde você estava ontem a noite?
O que você quer da vida?
Aonde você quer chegar?
Está sempre perguntando
Minha cor favorita
Minha comida predileta
Quais poemas eu sei de cor
Quais livros li no ano passado
Pergunta se sinto saudades
Do psicanalista
Do pai
Da minha primeira namorada
Pergunta Se dormi bem
Se fechei a janela
Se peguei as chaves
Se estou estudando
Se tomei o meu remédio
Minha mãe pergunta
Se estou bem, e é isto que importa no final!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Corpo de pedra

Me desfaço em pedaços
De pedra bruta
Mas meu coração
De pedra lascada
Transforma-se em pedra polida
Pouco a pouco com o uso do amor
E em areia todos os pedaços
Terminam

Sorriso largo

Em seu sorriso largo
Me perco em júbilo
Procurando a luz
Em seus olhos pequenos
De paixão ambulante
Me ocupo por completo

domingo, 18 de outubro de 2009

Ao Malabarista

Ao malabarista biólogo
Amante da natureza
Que tanto conhece da beleza
De sua magnífica
Porto de galinhas
Que maravilhosamente
Conduz os olhos atentos
De seus companheiros
Com seus malabares
E sorrisos encantadores

Nesta ilha

Sou o maior dos poetas falidos
Que moram nesta terra
De famintos miseráveis
Que nada precisam
Alem de amor e carinho,
Mas não é no que eles não têm
Que está a infelicidade
Está na água suja, e no pão azedo
Que eles comem todo dia
Debaixo de nossos olhos
Sedentos por agonia
Miséria alheia

É nesta ilha, que vivo
A vida amarga
Como o azulejo do céu
Que vem a cair
Em gotas de chuva morta

São nos versos em dia
Que eu maltrato
Este coração apaixonado
Com o veneno em verso
Engulo a saliva dos condenados.

Nos poemas

Mas nos poemas que decorei
Canto a melancolia
Dos olhos caídos,
Derramados em prantos
Nesta terra santa.
Nos poemas que amei
Eu conto meus pecados
Elogio os Augustos e Fernandos
Nos poemas que aprendi
Escancarei meu coração
Para os Joãos e para os Paulos.
Nos poemas que escrevi
Anotei para meus amores
Meus sentimentos íntimos.

sábado, 17 de outubro de 2009

Guilhotina divina

Se Deus criou tudo
Da luz ao Homem
Perfeito e semelhante
Criou a imagem do carrasco
Que solta a corda
E a lamina cai
Deus é o carrasco dos Homens
Tão perfeitos em suas imperfeições
Que louvam o pecado
E choram pela morte
Da lamina tênue e carrasca
Da guilhotina de Deus

domingo, 11 de outubro de 2009

Ao Sérgio

E seu amor maldito
sedento por espaço
seu bloco na rua
É uma poesia nas calçadas
tropeçando bêbada
sem ter sofrido nada...

4 da manhã

4 da manhã
Os passarinhos acordaram
Mas eles não sabem
Que um homem solitário
Chora ao amanhecer
Sem saber cantar

sábado, 10 de outubro de 2009

Sem saber

Eu queria saber, como te assustar menos
Como te abraçar mais forte
Queria saber controlar os meus venenos
Não temer a morte
Eu queria saber, como me aproximar
Sem exagerar, sem te machucar
Queria poder olhar nos olhos
Sem medo de perder a sorte

Vinga

E a vida vinga
Dos amores perdidos
Dos amigos esquecidos
Vingança maldita
Esta que espanca os olhos
Que mata os piolhos em nossas cabeças
Que nos faz lembrar
De acontecimentos banais
Mas a vida vinga, e vinga mesmo.

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

O banco

com tempo não se brinca
nem na fila do banco
onde eu leio poesia

A lua e o mar

Quando você apagou
O mundo inteiro olhou
Tentou te achar,
Seu lado escuro estava voltado pra nós
A humanidade inteira chorou
E pôs-se a sonhar
Com o dia que ia voltar
A lua para o nosso mar!

quinta-feira, 1 de outubro de 2009

Aos meus amigos

Vou largar o mundo
E caminhar sozinho
No vale sombrio
Temendo a morte
Cobrindo os olhos
Respirando o ar puro
Da liberdade
Vou descer os rios
Do sonhar
E velejar os mares
Melancólicos
De minha solidão
Vou amar os pássaros
E todos os animais
Carregar no peito
As lembranças
Dos amigos que conheci
E não vou dizer adeus
Não para eles!

Proteções do amar

Talvez a armadura
Protestando contra mim
Queria mesmo se rachar
Para ver você sorrir

Talvez o escudo protetor
Esteja estilhaçado
Depois de tanto dizer
Chega pra lá

As vendas que cobrem
Os olhos esbugalhados
Rasgam pouco a pouco
Para ver você passar

São tantas proteções
E armadilhas contra
Que me fechei em minha alma
E lá permaneci escondido

Tão pequeno e vergonhoso
Sinto-me agora
Desprotegido e desnudo
Procurando com o que me cobrir

Com medo de morrer
Talvez eu volte atrás
E corra contra o tempo
Preto e esfumaçado

São tantos os erros do passado
Que as placas de aço
Não cobrem o esquecer
Batendo no corpo esburacado

E essa alma sorridente
Que estava junto a mim
Posta de lado
Pois se a chorar

E minha alma enjaulada
Arranhava minha proteção
Querendo sair
Para ver o sol nascer

Eram tantos momentos
Que a proteção quebrou
Agora junto os pedaços
Por que nada acabou.

O clichê

Eu quero o clichê
De te amar
De estar a mercê
Em pleno mar.

Queria provar do teu veneno
Agora tenho dó do meu enceno
Medo deste sereno
Que veio me abordar.

Sou um poeta, destes falidos
Sem esperança nestes partidos
Seja na política ou na sina do amor
Sou um pobre embriagado
De loucura e cachaça brava.

Soltando rimas por ai
Tão rápidas como balas
E belas como a crina de um cavalo
Construindo versos
Enjaulando meu coração