domingo, 24 de maio de 2009

O passarinho

O passarinho
Voou
E então pousou
Em um galho tão frágil
Quanto ele
E ali ficou
Cantou
E o som ecoou
E então parou
E ele voou de novo
Mas não pousou
Então ele morreu

sábado, 23 de maio de 2009

Sou quem sou

Sou quem sou
Pois assim me construíram
Não sei se é divino
Nem se é destino
Quem deveria me calar
Me por para ninar
Destruiu os meus sapatos
Colou as minhas asas

Sou quem sou
Pois assim você me fez
Carne e osso
Pobre coitado
Pequenino
Oprimido

Eu sou distinto
Talvez seja destino
Que por acaso
Aconteceu

Sou um vagabundo
Filho do conhecimento
Que me empurraram com o leite
Se sou solitário
Sou um espelho
Não mais que um pentelho
Aqui a atazanar
Sou um coitado
De pulsos cortados
Sem ancora nem vela
Nem sei aonde ir, nem aonde chegar
Minha quilha quebrou.

Esqueci minha rima
Que deveria ser divina
Homero e Platão
Babacas de plantão

Sou um deposito
Sem nenhum propósito
Guardando magoas
Pendurando rancor

Não se iluda
Não tem nada alem
Minha boca é uma granada
Sem pino nem chão
Explode num clarão
De lagrimas e dor

Se arrependimento curasse as feridas da pele
O que curaria as feridas da Alma?

Sou quem sou, pois assim me construí
Saturei meu cérebro
Suturei minha alma
Lavei minhas mãos
E peguei o sapato

Abro a porta e me despeço
Adeus e até logo

domingo, 17 de maio de 2009

E se eu fosse um Livro?

http://educarparacrescer.abril.uol.com.br/leitura/testes/livro-nacional.shtml

Acabei de fazer esse teste, super interessante... e passei o tempo inteiro “eu acho que sou parecido com “Brás cubas” e olha no que que deu :P


"Memórias póstumas de Brás Cubas", de Machado de Assis

Ok, você não é exatamente uma pessoa fácil e otimista, mas muita gente te adora. É possível, aliás, que você marque a história de sua família, de seu bairro... Quem sabe até de sua cidade? Afinal, você consegue ser inteligente e perspicaz, mas nem por isso virar as costas para a popularidade - um talento raro. Claro que esse cinismo ácido que você teima em destilar afasta alguns, e os mais jovens nem sempre conseguem entendê-lo. Mas nada que seu carisma natural e dinamismo não compensem.

sábado, 16 de maio de 2009

Reflexões baratas

Um dia um maluco beleza disse assim “antes de ler o livro que o guru lhe deu, você tem“, mas são poucos os estímulos que recebi durante minha vida. Poucos também foram os que acreditaram nas loucuras que eu queria passar em meus versos. Mas eu por ser um poeta sem rima, fui sim desacreditado, e não peço que se emocione com meus poemas.
Sou pernambucano, e maluco, e estou escrevendo aquele livro que é necessário, já plantei uma floresta, e não quero ter filhos (não agora, nem neste sistema), mas mesmo assim eu não sou capaz de “ler o livro que o guru me deu”.
Estou cansado e entristecido, rezei para vários deuses em tão poucos anos, e queimei muitos cigarros. Não achei nenhuma resposta aparente entre tantos mantras e baforadas. Mas veja como aprendi a amar as linhas bagunçadas de um caderno de estudos que deveria ser usado para anotações importantes, e não esta baboseira estranha e melosa, reflexões baratas regadas de copos d’água.
Mas nestas palavras abestalhadas, meio carrancudas, vim anunciar que pretendo mudar as cores do arco-íres de lugar e transformar a visão dos lunáticos. Dizer que rosas são cachorros e que gatos são extraterrestres.

segunda-feira, 11 de maio de 2009

Ato de Deus

O que vai sair da mente
Sem pudor:
Ômegas e Pi
Vou rezar por um átomo
Gigante e nordestino
Átomo de viver
Deus maluco, perneta e caolho
Pirata pequenino, cabeça no jardim
Olho vidrado, aquele que sobrou
Brinca com o horizonte
Perna fraca a que sobrou
Não leva ninguém a lugar algum
Fica sozinho, solitário
Soldado da própria fortaleza
Não quero nem é
Outra tristeza
Outro cigarro
O átomo deus, deus átomo
Selestino magricela
Perneta e caolho
Rios e pontes
Deus átomo macaco