segunda-feira, 25 de julho de 2011

Digo

Digo mais
E digo mais ainda
Abro o peito e grito:
“Meu eu poético
É espelho de palavra bruta,
Polida, cosida, escondida
Versos em forma de gruta.
Guturalmente esbravejada.
Uso do eu para falar
do que não é meu
encontrando no escuro
letras em forma marchando"

quarta-feira, 13 de julho de 2011

o que pensa sua mãe sobre os poetas?

O que pensa sua mãe sobre os poetas?
Vádios, arredios, sombrios.
Não chega a ser mentira...
Ela caminha entre passos largos
E atira como assobio de flecha
No peito amargo do poeta amado:
Que ele é um sujo e e mal-lavado
Prosódico, usurpador de sonhos alheios
Trabalhador ameno sempre o mal-falado
É mesmo um caralho, encardido, salafrário
Um pé no saco, estorvo, quase um corvo
Vive deitado, dormindo, roncando
Que não sabe o que é horários, datas e compromissos
Que bebe sempre, que fuma escondido a erva do diabo
Que é o próprio diabo...
Arrogante, pedante, infame, rompante
Nunca o herói, o principe ou o cowboy
Sempre o cavaleiro errante
Um eterno infante, perdido na pueritia...

Procurou outros adjetivos, encontrou-os,
Mas com lágrimas nos olhos
Os espectadores retiraram-se da sala
E foram se amar...