segunda-feira, 28 de setembro de 2009

Demônios da noite

Estou deveras amedrontado
Para pensar em sono
Os demônios da noite
Aguardam-me ansiosos
Pregarão suas peças
De horrores grotescos
De lembranças malignas,

Sonhos assustados
Correndo para se esconderem
Atrás de minhas ilusões
Aveludadas e lisérgicas,
Que distraídas obscurecem
A luz da noite

Iluminando as feições
De rostos avermelhados,
E levemente sorridentes.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Fausto:

"Vejo que tenho em vão do humano espírito
Os tesouros na mente acumulado:
Quando medito, não rebenta força
Alguma nova dentro do meu peito;
Não cresci mais a altura de um cabelo,
Nem mais cerca cheguei do infinito."

domingo, 20 de setembro de 2009

Setembro a tarde

Isso se chama
Loucura
Pessoas e mais
Ternura
Correndo atrás do tempo
Que em um templo
De amargura
Descansa...
Louvar a melancolia
Abraços a distancia
Entre a sanidade
E a amizade
E amor de iguais
Pessoas e mais
Loucura
Sempre com a ternura
De transas soltas
No ar
De setembro a tarde

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Concreto pássaro

Estamos todos vivos
Todos com seus trabalhos
Vivem fechados em quartos
Escuros quadrados
Prelúdios de concreto
Que inibem a liberdade

E o momento que as asas
Dos pássaros batem ao longe
E se desfazem em brasas
Viro aos poucos um monge

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Por quem os sinos dobram

"É sempre mais fácil achar que a culpa é do outro
Evita o aperto de mão de um possivel aliado, é
Convence as paredes do quarto, e dorme tranquilo
Sabendo no fundo do peito que não era nada daquilo

Coragem, coragem, se o que voce quer é aquilo que pensa e faz
Coragem, coragem, eu sei que voce pode mais"
Raul Seixas, "Por quem os sinos dobram"

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Passos teus

Prefiro a solidão
Da abobada celeste.
O brilho de cada estrela
Contada a dedo
Uma a uma,
Levaria uma eternidade,
Que preferia não perder
Olhando em vão
Cada passo teu
Vagar distante, da solução.
O divino transforma-se em comedia
Diante de meus olhos arroxeados
De tanto chorar.
Não existe horizonte ou por de sol
Mas existe o amanhecer.
Cada palavra dita em sã consciência
Constrói a escada, de pensamentos,
Eterna e gloriosa...
E as correntes arrastadas
Penosamente afinam meus calcanhares
Derrubam-me na lama,
Escravizam minhas lembranças
De infância dolorosa.
Você vai levantar-se contra
Os olhos vis e traiçoeiros
Que observam e taxam cada passo teu.

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O Dragão

E esse dragão maligno
Que pulsa intensamente
No meu peito desnudo
Devora vagarosamente
Meus desejos por ti
Musa inspiradora
Perversa exuberância
De pele alva e brilhante
Deusa do meu pecado interior
Oriunda de tal beleza
Esplêndida poeira cósmica
Inerente e devastadora
Esse dragão vil, que bebe de meu sangue
Sabe que já não dreno tão bem
Os charcos infelizes de meu leito de morte

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

Elha

Orelha cabelha
Cabeça de abelha
Uma centelha
De uma casa sem telha
Tamanha besteira
Que se tem a eira
Plantando ovelha
Numa grelha
E o homem que emparelha
Obstinado com a elha
De uma fruta vermelha

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

A lua e o Diabo

O requinte da ironia
Para poucos o mel
Da gafe de um astronauta
Que pisa na maçã
Sem credo
De tamanho holocausto
Baralho de um fausto
Repentino e solto
Diabo travesso
Aquele do contrato
Que trouxe de fato
O homem de volta da lua

terça-feira, 8 de setembro de 2009

Fênix

No fundo do oceano
Que era minha alma
Naquela noite
Eu chorava escondido
Estampava um enorme sorriso
No rosto envelhecido
Que dado a tapa
Avermelhado
Sorria alegremente
Gostando do que acontecia
Masoquista de primeira
Menino de segunda
Em plena quarta-feira
Um poeta de feira
Que colhia os frutos
Em brancas passagens
De vida alheia
E de tanto pensar coisa feia
Queria gritar na beira de um precipício
Que o fundo da alma
Era pequeno e frio
Sem graça
Lá eu ficava sozinho
Estava sem mimo
Com pouco carinho
Arranhando as palavras
Do meu coração
Com giz de cera
Quente de vela fria
Como a alma linda
De uma sereia
Que cantava sem jeito
Em meu leito de morte
Tão forte era a dor
Que sem por o pé no chão
Eu viajava alem dos mares
Com tantos ares
Sobrevoando minha cabeça
Mas nela não havia nada
Caia pesada
No fundo da alma acabada
Encantada com tanta beleza
Que uma simples quinta-feira
Podia trazer para o quadro da sala
Para o jarro chinês cheio de flores
Coloridas com aspirinas
De tanta babaquice
Que eu tinha para falar
Mas no oceano longínquo
Que a jangada deixava levemente
A ventos quentes
Algo ainda repousava
Mas como uma fênix
Iria queimar em cinzas
E renascer mais frágil
Viver essa rotina louca
Dos sentimentos de alma
Poeta lacrimoso
Aprendendo a ser gente
Comum e besta

Um fim no começo

Uma noite no fim
Assim quando o cigarro acabou
O sol ascendeu as nuvens
De um paraíso encantado
Do travesseiro a gloria
Dos sonhos de vontades delirantes
Gostos extravagantes
Uma loucura instantânea
De pular do 15° andar
Tanto conhecimento me levaria as asas
Da sabedoria ao chão esparramado
Sangue e cérebro
Tudo estragado
O sol já vai se por de novo

segunda-feira, 7 de setembro de 2009

Na retina

Luzes rodopiam e dançam
Alegremente, moléculas que brilham
A favor dos sons
De trombetas e acordeons
O céu salpicado de branco
Raios fulgidos fugindo de mim
Pássaros e pequenos insetos
Juntam-se a valsa dos desesperados
As cores múltiplas
De pessoas as avessas
Erros e pecados tão corretos
A natureza canta
Com suas notas de melancolia
A alegria inebriante
De estar respirando
Celebrando a terra
E a lua charmosa
Que em breve beijará o mar
Brilhará e deitará
Ao meu lado
Rodopiando com as pequenas imagens
Gravadas em retina

A cortina vermelha

A cortina vermelha
Cobre a janela aberta
Esvoaçando ao amanhecer
Trazendo som e cor
Ao seu despertar

Mosquitos

Embriagados de sangue
Pequenas pestes reluzentes
Transmitem a radio AM
De suas vontades
Ratificam tudo
E sucumbem a morte.

domingo, 6 de setembro de 2009

meu barco

Coloquei meu barco no mar
O fogo do céu começou a raiar
E cair sobre mim como raios de sol
Meu coração apertado,
Amargurado, pedia desculpas
Nauseava o vento torto
Em meu rosto rosáceo
Envergonhado, pelos pensamentos
Sádicos e inerentes
A vela apagou
A lua miou
O barco afundou

sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Julia

Cor, alegria, festa e musica
Rock and blues, jazz aos poucos
Altas horas da madrugada
Um esperto piscar de olhos
Uma janela de um espelho
Um olhar acalentado
Um poema esperado
Uma gloria divina,
Uma conquista mundana
Um crochê emaranhado
Uma amizade
Cor, alegria, rock and blues
Julia!!!

terça-feira, 1 de setembro de 2009

Saliva

O veneno que escorre
De minha barba
Vem de sua saliva amarga