quinta-feira, 31 de julho de 2008

Poeta anarquista 4

Lembre de nossos salmos de loucura
Lambemos o ventre venenoso
E comemos maçãs sem pensar
Beijamos o vinho
Como beijamos nossas esposas
Sentamos de pernas cruzadas
Com nossas canetas de tinta invisível
Para perpetuar nossos sonhos.

Poeta anarquista 3

Louvamos seitas satânicas
E dançamos ao sabor da morte
Não ligamos para nada,
Cavamos a nossa própria cova
Defecamos em cima de nossos livros
Quem liga?
E quem realmente tem que se importar
Alem das traças da biblioteca!?

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Poeta anarquista 2

A mentira que Nós contamos
É um labirinto sem fim
Figuras de linguagem
Conjugações verbais e sujeitos figurados.
Um inferno sem tamanho
Juntamos de forma bonita coisas feias
Falamos sobre a tristeza de forma simples
Rimos da sua cara
Machucamos o seu ego
Não Estamos nem ai, apenas escrevemos.
E você leitor?
Acha que o poema tem a sua cara?
Raramente lembramos das pessoas
Que lêem nossos romances enrustidos

terça-feira, 29 de julho de 2008

Poeta anarquista 1

Vou anarquizar seus sentidos
Explodir sua lógica
Esmagar a métrica
Os sons e rimas não vão existir
Eu sou um louco com um pedaço de papel
Um criminoso com um lápis na mão
Ponho tudo que me vem à cabeça
Dentro das pautas de uma pagina em branco
Rasgo e amasso
Nunca refaço
Pego minhas idéias e coloco num compasso
Enfio meus sentimentos garganta adentro
Toda minha vil concepção do mundo
Em versos escritos em cinza.

Os três mal amados

"Joaquim:

O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.

O amor comeu minhas roupas, meus lenços, minhas camisas. O amor comeu metros e metros de gravatas. O amor comeu a medida de meus ternos, o número de meus sapatos, o tamanho de meus chapéus. O amor comeu minha altura, meu peso, a cor de meus olhos e de meus cabelos.

O amor comeu meus remédios, minhas receitas médicas, minhas dietas. Comeu minhas aspirinas, minhas ondas-curtas, meus raios-X. Comeu meus testes mentais, meus exames de urina.

O amor comeu na estante todos os meus livros de poesia. Comeu em meus livros de prosa as citações em verso. Comeu no dicionário as palavras que poderiam se juntar em versos.

Faminto, o amor devorou os utensílios de meu uso: pente, navalha, escovas, tesouras de unhas, canivete. Faminto ainda, o amor devorou o uso de meus utensílios: meus banhos frios, a ópera cantada no banheiro, o aquecedor de água de fogo morto mas que parecia uma usina.

O amor comeu as frutas postas sobre a mesa. Bebeu a água dos copos e das quartinhas. Comeu o pão de propósito escondido. Bebeu as lágrimas dos olhos que, ninguém o sabia, estavam cheios de água.

O amor voltou para comer os papéis onde irrefletidamente eu tornara a escrever meu nome.

O amor roeu minha infância, de dedos sujos de tinta, cabelo caindo nos olhos, botinas nunca engraxadas. O amor roeu o menino esquivo, sempre nos cantos, e que riscava os livros, mordia o lápis, andava na rua chutando pedras. Roeu as conversas, junto à bomba de gasolina do largo, com os primos que tudo sabiam sobre passarinhos, sobre uma mulher, sobre marcas de automóvel.

O amor comeu meu Estado e minha cidade. Drenou a água morta dos mangues, aboliu a maré. Comeu os mangues crespos e de folhas duras, comeu o verde ácido das plantas de cana cobrindo os morros regulares, cortados pelas barreiras vermelhas, pelo trenzinho preto, pelas chaminés. Comeu o cheiro de cana cortada e o cheiro de maresia. Comeu até essas coisas de que eu desesperava por não saber falar delas em verso.

O amor comeu até os dias ainda não anunciados nas folhinhas. Comeu os minutos de adiantamento de meu relógio, os anos que as linhas de minha mão asseguravam. Comeu o futuro grande atleta, o futuro grande poeta. Comeu as futuras viagens em volta da terra, as futuras estantes em volta da sala.

O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."


João Cabral de Melo Neto

domingo, 27 de julho de 2008

Algo distante

Ando cansado, com sede
Cacos de vidro perfuram minha pele
Jóias em volta dos braços
Meus ouvidos sangram
Minha garganta dói
Mantenho minha mão junto da sua
Corpo com corpo
Palavras sem sentido.

Vamos tocar piano
Cantarolar o caos
Dançar ao som do vento
Saborear o orvalho das manhãs macias
Apenas observar as nuvens passar

sexta-feira, 25 de julho de 2008

Tiras de papel

Traços e quadrados
Estilhaços voando contra a parede
Fungos crescendo por todos os lados
Sangue, ferro, ácido sulfúrico
Risadas histéricas, confusão mental
Rios de flores brancas manchadas de petróleo
Eucaliptos jogados fora em tiras de papel,
Em pequenos versos!

quinta-feira, 24 de julho de 2008

Só para exercitar

Correndo de mente aberta
esperando cada idéia se exercitar
por que somos loucos
e loucos não medem as conseqüências
do que pensam, falam e fazem
vão e pimba, estão debruçados na janela
de olho nela, querendo voar
o sabor dos seus olhos, a cor de seu sorriso
a borboleta e o avião
prefiro ficar no chão...
não quero ser chamado de careta,
mas prefiro não abalar com meu rock and roll
eu vou ficar na minha
cigarro, bebida e bicicleta
computador, maconha e acido
vou abrindo minha mente só para exercitar

Todo um contexto por traz dessas palavras

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Texto reflexivo?

Andando nas ruas de recife, Não vejo anda alem de caos e sujeira. A morte bate minha porta, palhaços nas esquinas, crianças brincando com fogo, Cachorros sarnentos e sem pelo. Me entristeço de ver essa loucura e não poder fazer nada, em pleno ano eleitoral para os prefeitos, que só querem usurpar o poder, e comer nosso cú. Alguns vão me dizer que votar no prefeito correto mudaria o quadro insano da população. Eu tenho nojo de mim mesmo, fugindo dos aspectos sujos que me seguem. Na bagunça do dia a dia, eu me perco. Corro sem direção para me esconder e chorar baixinho, com vergonha. Tenho que ter coragem de gritar pro mundo o que esta errado, mas eu não tenho. Fico caladinho no meu canto, escrevendo poesias sobre amor, enquanto eu deveria estar escrevendo sobre a relação da coca-cola com João o Mendigo.

terça-feira, 22 de julho de 2008

Paciência

"Mesmo quando tudo pede um pouco mais de calma
Até quando o corpo pede um pouco mais de alma
A vida não para"

Uma barata chamada Kafka

"Ofereci a ela um disco do Sex Pistols
Ofereci a ela uma batida de limão
Perguntei se ela gostava dos beatles
Perguntei se ela era de escorpião
Ela disse sim vem cá ficar comigo
Sim! Gosta de tudo que eu gosto
Sim! Vem cá ficar comigo
Sim! Vem, kafka"

Franz Kafka

Todos os erros humanos são impaciência, uma interrupção prematura de um trabalho metódico.

Quem possui a faculdade de ver a beleza, não envelhece.

Um livro deve ser o machado que quebra o mar gelado em nós.

O tempo é teu capital; tens de o saber utilizar. Perder tempo é estragar a vida.

A única coisa que temos de respeitar, porque ela nos une, é a língua.

As sereias, porém, possuem uma arma ainda mais terrível do que seu canto: seu silêncio.

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Advogado do Diabo

"who are you? Satan?"
"hum... Call me Daddy"

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Caverna de platão

Vou transformar minha caverna escura e úmida, num abrigo confortável. Vou enveludar todas as pedras e iluminar o canto mais obscuro. Transformar cada visão de um mundo melhor, num mundo melhor. Vou caminhar para um lugar sem sombras imperfeitas. Será que existe um lugar perfeito? Seria a caverna o lugar imperfeito?

quarta-feira, 16 de julho de 2008

Ideal

Ideal

"Quero-te assim, formosa entre as formosas,

No olhar d’amor a mística fulgência

E o misticismo cândido das rosas,

Plena de graça, santa de inocência!

Anjo de luz de astral aurifulgência,

Etéreo como as Wilis vaporosas,

Embaladas no albor da adolescência,

-- Virgens filhas das virgens nebulosas!

Quero-te assim, formosa, entre esplendores,

Colmado o seio de virentes flores,

A alma diluída em eterais cismares...

Quero-te assim -- e que bendita sejas

Como as aras sagradas das igrejas,

Como o Cristo sagrado dos altares."

Augusto dos anjos

terça-feira, 15 de julho de 2008

Sobre aqueles textos e flores

"Quando falo que és tão frágil quanto uma rosa
Dezenas de versos poderiam sair
E em brumas terminar
Quando menciono o seu perfume doce de jasmim
Meus poemas perdem a rima
Posso escrever sobre orquídeas, margaridas e papoulas
Cor e sabor
Os jardins são os livros mais fáceis de ler
Hoje sorri a mãe natureza
Para amanhã sorrir a jovem gazela"

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Quem ainda sou?

Nos descuidos da noite eu aprendi a olhar o céu. Sem estrelas ou lua. Refletir um pouco, observar o mar. As horas passam pelo relógio e nem mandam lembranças quando se vão. Sorrisos e bocejos, soluços e sustos, meus dias não passam de tédio e suor.
Vou ser um cientista ou um poeta? Um louco ou vou tentar ser normal, sem voltar para aquele papo de normal é isso e aquilo. Posso estar com saudade de alguém que já se foi, mas também sinto falta dos vivos. Escrevo pouco nos últimos dias, pois não quero que meus textos saiam com ritmo ou soe como uma musica pop dos beatles. Amo deitar na cama e ler um bom livro, ou escutar uma boa musica. Mas os livros não me dão tanto prazer quanto me dava anos atraz, quem eu ainda sou?

I'm Happy just to dance with you

sexta-feira, 11 de julho de 2008

Não escrevo

Não escrevo, pois hoje eu sinto
Noites mal dormidas
Equívocos sonhados...
Paixões ardentes, e visões nuas.
Desilusões, lagrimas salgadas
Caos e ordem, desejo e delírio.
A escada desce, O chão abre-se no meio
A água doce, aguardente.
Enxofre, lasanha, gás de cozinha.
Banco de praça, casal de namorados.
Meus sonhos esguridos por donzelas
Pesadelos com putas!
Sonhos equivocados...

terça-feira, 8 de julho de 2008

Mad World

"All around me are familiar faces
Worn out places, worn out faces
Bright and early for their daily races
Going nowhere, going nowhere
Their tears are filling up their glasses
No expression, no expression
Hide my head I want to drown my sorrow
No tomorrow, no tomorrow

And I find it kinda funny
I find it kinda sad
The dreams in which I'm dying
Are the best I've ever had
I find it hard to tell you
I find it hard to take
When people run in circles
It's a very, very mad world mad world

Children waiting for the day they feel good
Happy Birthday, Happy Birthday
Made to feel the way that every child should
Sit and listen, sit and listen
Went to school and I was very nervous
No one knew me, no one knew me
Hello teacher tell me what's my lesson
Look right through me, look right through me"

domingo, 6 de julho de 2008

Nietzsche sobre o amor

Eu procurei pelo texto integral para por aqui... ams só ahcei a frase mais celebre... tudo bem que eu não sou nenhum pesquisador muito bom no google, e nem um ocnhecedor assiduo de Nietzsche

"Há sempre alguma loucura no amor. Mas há sempre um pouco de razão na loucura."
se eu encontrar o texto todo colocarei aqui

A morte de meu passado não vivido

Estou com um sentimento de falta. A morte sempre me faz pensar a respeito, Voltei com a lembrança nostálgica da morte de meu pai. Sofrer por anos a fio é o suficiente, não acham? È mas as vezes me dano a chorar, e a buscar um passado inexistente onde eu tenha vivido uma boa parte de minha vida com ele... Através da musica é que eu encontro um refugio para meus pensamentos. Com 15 anos eu era poeta... mas lendo um texto do Leminski "Poesia etária", passei a me perguntar se quando eu terminar a faculdade vou continuar fazendo poesias, e aos 45? E perto de morrer?
Tem quem diga que eu sou muito parecido com meu pai, e as vezes acho que trilho o mesmo caminho que ele, foi por acaso o fato de eu não conhece-lo nem um pouco bem, para falar sobre o assunto? Realmente chega a ser bizarro o fato que eu não o conheço NEM um pouco bem, não sei seus gostos, qual seria a sua cor favorita?
No começo do ano meu psicanalista morreu, e naquela época rebusquei meu passado em lembranças perdidas, sonhos esquecidos e idéias estranhas. Hoje eu volto a me aproximar dos tempos remotos e inexistentes em minha mente como se fosse algo comum. Cheguei ao cumulo de perguntar se ele gostaria de mim... Eu não tenho como saber. Mas sabe? Não adianta ficar com lagrimas nos olhos não mais. Sigo meu caminho quem sabe do outro lado eu não o encontre!

sábado, 5 de julho de 2008

Excrescência Ornamental - Leminski

"eu não sei se todos os povos amam seus cientistas, mas todos os povos amam seus poetas.Os poetas são amados por milhões;por que os povos amam seus poetas? é porque os povos precisam disso os poetas dizem uma coisa que as pessoas precisam que seja dita, o poeta não é um ser de luxo, ele não é uma excrescência ornamental da sociedade, ele é a necessidade orgânica de uma sociedade, a sociedade precisa daquilo... daquela loucura para respirar.É através da loucura dos poetas, através da ruptura que eles representam que a sociedade respira."

Leminski

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Notas sobre o amor

Douglas adams disse algumas palavras sobre o amor...
pequenas notas

"O amor é um sentimento demasiado difícil de se explicar."

"Evite, se possível"

"Amor: Como ser Esperto o Suficiente para Entender, Paciente o Suficiente para Procurar e Burro o Suficiente para Encontrar!"

er... Douglas Adams XD
mestre do humor negro?

Bicho de sete cabeças

"As coisas ficam muito faceis quando se esquece, mas eu não esqueci o que você fez comigo. Agora você vai me escutar, vou te mostrar a porta para você poder sair sem eu te bater"

Trecho que eu tirei de cabeça do filme "Bicho de sete cabeças" eu acabei de assistir por sinal...
excelente

e para ampliar um pouco o post um trecho da música "Bicho de sete cabeças" de Geraldo Azevedo

"Não dá pé não tem pé nem cabeça
não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça
não tem jeito mesmo
não tem dó no peito
não tem nem talvez defeito
que você me fez desapareça
cresça e desapareça

Não tem dó no peito
não tem jeito
não tem ninguém que mereça
não tem coração que esqueça
não tem pé não tem cabeça
não dá pé não é direito
não foi nada, eu não fiz nada disso
e você fez um bicho de sete cabeças"

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Go out and Shout

All I want is you

"If I was a flower growing wild and free
All I'd want is you to be my sweet honey bee.
And if I was a tree growing tall and greeen
All I'd want is you to shade me and be my leaves"

All I want is you - Juno soundtrack