quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

BAB

que
ter
ceu
Bê ... Há
... Bá ...

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Defunto vivo

Morto pelo o quê ninguem sabe o porquê
Vivendo no escuro mundo do esquecimento
Negro de camisa azuis, meias brancas como nuvens do céu
Arrancado do solo fertilizado, pelo seu suor e lágrimas
Depois de 3 anos e 8 meses desenterrado inteiro
Vivo em pedaços de lembranças trágicas
De moribundos transeuntes, vagabundos assaltantes
Acabou o sono de beleza
Pele intacta cabelos arrumados e engomados
Levante e ande!*

*verso inicial da musica "sopa de samba" do compositor Glauco César II

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Tártaro ao longe

Quando a noite revela os segredos da ida
Ao completo esquecimento, treme a vida
Que teme existir por completo perdida.
O peso das lagrimas estranhas
Que cobrem rostos esbranquiçados,
Pelo medo e a dor, em completos transes diurnos.

Morpheus me abraça e me leva contigo
Carrega esta pária desalmada para os becos do sonhar
Onde as cores lisérgicas saltam
E os fluxos sonoros desenham lindas figuras inimaginárias
Em meus tímpanos desprotegidos.
Sangro vagarosamente em meu leito de morte
Enxergo o tártaro ao longe...
Vivo atormentado pelos fantasmas
Da vida seca e gelada
Que levo aqui em pleno acordar

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Haikais(8)

A lágrima vai
Lavar o homem
O passo dado em esquecimento cai

O diabo carregava o terço
Brincava com o mundo
Como se fosse mudo

Explosão sentimental

Explosão sentimental
Gritos alheios de superioridade
O que leva um homem a achar que é melhor do que o outro
Sua posição social
Sua arrogancia inerente
O mundo converge ao cataclisma social
Não existe mais uma relação interpessoal
Jogaram fora o amor mutuo
No nucleo da bomba H
Holocausto racial
A santidade inegavel dos homens sem comida
Sem agua e sem respeito
Em brigas descomunais
Com o dedo apontado no peito
Deus riu de vergonha
Sua imagem e semelhança
Destruindo-se por orgulho
A vida inteligente acabou

Poesia anarquista 19

Onde escondeu-se a poesia
Empoeirada no canto da parede
Que eu guardava para a poesteridade
Esquecida na dor que um dia esvaiu
Das mãos fracas do sábio ancião.
Onde coloquei o livro
Que demorei a vida para escrever?
Meu filho nasceu
O folego abriu
O menino chorou
E quero ler ao mundo, fazer brilhar o poema
Eclodir no dia e ecoar no mundo
Uma louvação ao nada
Pois a miséria dos meus pensamentos
Encontrou um solo fértil
Para plantar esperança
De tanta coisa dita em vão
De tantos prantos em adoração
Pagã de coisa futil
Poemas congelados
No vacuo de um acontecimento

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sarah os corações

Sarah os corações abandonados
com seu olhar de princesa
e seu canto angelical.
seu jeito de criança sapeca
encanta os loucos da avenida central
pássaros e brinquedos
fazem parte do seu reino celestial
sua face dominical
alegra a passagem terrena de qualquer mortal
trouxe paz aos desesperados
irmãos e amados
neste mundo bestial

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Quantos anos?

Acordei no meio da noite
Desesperado por não saber quantos anos tinha,
Uma poesia inteira se desfez
Em murmúrios de datas e idades,
Rimas completando as eras geologicas
Da vida medíocre e humana.
Afinal, havia esquecido a poesia...
E continuei a perguntar, quantos anos eu tinha.
Batia a duvida se estava vivo,
De quem eu realmente era,
Parecia alguem despertando em uma casca inteiramente nova.
Voltei a dormir com a vaga lembrança,
De ter 44 anos, e de que minha morte aparente estava próxima.
Mas afinal quantos anos eu realmente tinha?

terça-feira, 21 de setembro de 2010

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

tornar-se-ia furacão

Longe eu vi
O céu avermelhar
Os relâmpagos amarelos
Rachar a abóbada em cacos chover
Sem forma se torna uma profecia
Sem gosto entorno um furacão
Função então sei não

Haikais(7)

A fantasia não me basta
Nem cigarro de seda
Enquando eu faço cera

Leões das montanhas
Negócios a parte, notícia antiga
Carniça perdida

Não entendo o enrredo
Tantos parágramos a esmo
Passando a página com o dedo

Haikai que se preze
Não faz sentido sagaz
Mesmo que se reze

Príncipe das estrelas

Príncipe das estrelas
Com seu crânio alongado
Sugando a energia vital
Das pulsares mais distantes
Comanda o deserto real
Da existencia humana
Controla nossas mentes
Com cristais brilhantes.

Sistemas decadentes

os mecanismos de defesa
orbitam os planetas arbitrários
sistemas solares decadentes
aranhas pedantes gigantes
minhocas espáciais
em buracos astrais
dobramentos cosmicos
relativizando o tempo
as ondas cerebrais
e ovos mexidos no café da manhã.

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

só três

eram cinco horas da tarde
e naquele momento só três coisas importavam
o por do sol que escorregava pro infinito e escuro véu noturno
Mercúrio que mergulhava junto ao esquecimento
e a picada do escorpião

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

REando

Recife reando por seus lugares.
entranhas familiares
de ruas mal vividas,
mal faladas.
caminho feito um louco
em sua madrugada sombria,
de pernas cabeludas
e pontes fantasmagoricas.
descubro lugares esquecidos.
rebusco um olhar poético,
em suas janelas abandonadas.
padrões estéticos,
da cana de açúcar,
dos senhores escravistas,
das naus a naufragar.
Recife me vem a mente
sempre assim veemente
como deve ser.
figuram no imaginário popular,
danças e folguedos...
nada mais.

terça-feira, 27 de julho de 2010

Poesia anarquista 18

não vejo minhas poesias como guias
mas sim como uma grande reflexão autobiográfica
não escrevo para ser admirado, entendido,
tolido de expandir meus horizontes
criativos e apolíticos.
minha poesia tem vida,
e vontade própria
deixo que ela fuja na página,
com gosto de vingança,
por ter sido posta pra fora.
sinto que todas as minhas crias,
me odeiam, e queriam ser guardadas no interior
de meus pensamentos sombrios.
mas eu me regozijo em alegria
quando as vejo com rosto
chorando de agonia
recebendo o vento da vida
o sopro da poesia.

Poesia anarquista 17

Não gosto da ideia das super poesias,
daquelas bem trabalhadas,
talhadas como madeira,
polidas como vidro ou lataria de carro.
gosto muito menos de escrevê-las,
de desperdiçar meu tempo com elas.
as admiro, as devoro,
sinto muito prazer em tê-las por perto.
mas não é da minha natureza sã,
produzi-las, vivo em pé de guerra
com os amantes da poesia correta.
não existe metrica certa,
nem rima rica e bela,
nos pobres pedaços de papel
em que rabisco meus escritos.
gasto meu precioso tempo
dividindo ideias
em dezenas de pequenas vadias.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Santo sudário

Cubo mágico,
cigarro trágico,
paciência.
é preciso,
álcool
que me algoza
em trapos da poesia.
frangalhos intermináveis
de vestes nobres
do santo sudário
espalhados em livros inacabados.
estudo o gosto,
o rosto,
de meus companheiros.
da morte amena,
da vida terrena,
da viagem astral e plena.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Para Natan

é engraçado
como você sempre me vem com a resposta certa,
a pergunta correta.
com todos os ases na mesa,
as fichas no bolso,
o telefone no gancho.
você sempre sabe o final,
de tudo o que começa.
meticuloso, matemático,
sabe todos os ganchos,
os diretos de esquerda,
os socos a direita.

é engraçado, você sempre vence
seus jogos mentais
mesmo quando joga só.

Cacos no acaso

são casos,
socos no acaso.
sacode de cá,
joga pra lá.
cacos de vidro,
espelhos, jóias rara.
acasos concursados,
concluídos,
massacrados,
casos encerrados.
assassinatos encenados.
mente aberta e fria.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

Quadra que mente

poesia que mente
sem nem pensar
pensa de repente
em apenas ver o mar

Poesia anarquista 16

não é assim que escrevo
mergulhando na página escura
sem pretenções de terminar.
já começo com meio e fim,
num gozo astral de palavras mortas
como mosquitos em páginas em branco.
sangue negro que escorre da minha caneta,
que rasbica formas e sentidos,
sem sentido, sem formas.
poesia pichada na parade da escola
anarquista servindo o exército
dos futuros intelectuais.
suicida nato.
poeta tato
um simples quadrado.

sábado, 17 de julho de 2010

Poesia anarquista 15

Meu copo anda displicente,
os cigarros não tem volta.
a morte companheira.
minha poesia jovem,
rebelde,
não prende-se em correntes,
nem guia cegos leitores
ao descobrimento das metáforas.
meu corpo é pessoal,
minhas pernas acompanham
o movimento de rotação.
os olhos observam as estrelas
contando histórias sobre os signos,
uma narração abstrata
sem melancolia aparente.
a abóbada celeste,
as nuvens carregadas,
figuram minha linguagem.
sou poeta, daqueles indigentes
criança que soltou a mão na multidão.
a tosse não cansa,
o fígado tem folêgo.
o gozo de pensamentos,
prazeres da cama.
lagos, rios, mares,
planíces e montanhas,
descampados cheios de palavras chave
que abrem os portões das ideias celestes.

Poesia anarquista 14

Poesia sem forma
sem cara, nem máscara.
não usa sapatos,
nem veste roupas.
não é abstrata,
muito menos concreta.
nem se sabe o soneto,
das lunetas modernistas.
poesia sem rima.
nem é romântica.
passa longe das métricas
certas.
não escuta-se cornetas,
nem harpas, nem nota alguma.
não existe homem de barro,
nem costelas de adão
fazem parte da trama, criação.
os carpinteiros demitiram-se
os floristas morreram.
sem mulheres, e filhos futuros.
esta poesia é única
muda todo dia, todo dia muda
a muda que planta
uma nova ideia no chão
não casa, nem caça.
não segue estradas pré-prontas.
espontânea cria
que rasteja no não
da poesia anarquista.

quinta-feira, 15 de julho de 2010

Meu amor pela terra

Meu amor pela terra,
Pleno planeta solar.
É caminhar pelas plantações,
Semear a areia branca batida,
Colher o amor dos frutos sagrados.
É recitar a oração das sete direções,
Saber que é ela nossa mãe,
Que nos sustentará,
E que não existe dinheiro que compre
Tamanha riqueza.

Gosto de vida, vida com gosto.
Amar a terra,
Saborear cada broto no chão,
Admirar cada obstáculo imposto,
Trespassar em incríveis en passants.

Cuidar dos rios, conversar com o povo em pé.
O povo de pedra me guia em paz.
Reconhecer as linhas de energia,
Que recolhem a beleza mundana,
E as espalha em vortex celestiais.

Meu amor pela terra,
É revelar os segredos da lua,
Absorver os cosmos universais,
Sentir o pulsar do coração de cristal.

Ver com claridade a vida rastejante,
Amadurecendo a sabedoria voadora,
Transformando em ação correta meu dia a dia,
Colhendo os frutos sagrados de amor,
Conversar com os antepassados espirituais,
E agradecê-los por tudo,
Levar meu amor mutuo a todas as criaturas,
Que habitam a esfera.

Eu amo a terra,
Incondicionalmente.
O vento no rosto,
A areia nos pés, o barro nas mãos,
As grandes vós e os sábios vôs.
Estabelecer amizade com as víboras,
Acariciar os grandes ofídios,
Recolher suas peçanhas.
Abraçar os troncos robustos,
E agradecer pelo ar que respiramos.

Cantar todo dia de manhã
Que o dia é lindo
Que é lindo o meu dia
Que os pássaros vão cantar
O sol vai brilhar
Flores brotarão e borboletas
Em transformação voarão.

Afagar os seios maternais,
Da grande mãe energética.
Alimentar a alma
Em grandes transes espirituais.
Dançar com os índios de harmonia.
Amar de verdade a terra,
Não é só dizer em alta voz.
É mais sentir internamente,
A luz que aquece os corações.

É saber que tudo é vida
Não existe desperdício
O que morre alimenta
E fortalece o próximo.

Eu amo a terra, a vida
O vento, os astros, o povo em pé,
O povo de pedra, os fluxos de água e energia,
O sol, os ensinamentos da lua.

E nestas palavras vou passar meu vão conhecimento
Pois todos sabem
Que existe muito mais entre nós do que realmente podemos explicar

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Poesiancia

Os dons da leitura
das entrelinhas poeticas
homens que dizem conhecer
o beijo amargo das três irmãs
de terem lido o livro do destino
página a página, sabem interpretar
sentem os dizeres dos espíritos
na flor da pele
essa rosa maçã
âncoras que sustentam o infinito
centro do universo
paralelo complexo
loucos que acham pedras triangulares
desenham na areia labirintos
que vestem a natureza em longos transes
transcendentais

Aqueles que dizem serem capazes
de ver o amanhã
o próximo segundo
o novo milénio
Maias proféticos

Estrelas em choque
sois engolindo luas
andrômeda e sua mão
nebulosa escondendo o outro lado do universo

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cérebro a milanesa

Fritaram meu cérebro a milanesa
ovos mexidos na frigideira
explosões de sons e cores
o ponto brilhante
a vida agonizante
o chão que treme e engole o corpo alheio
É MARCO É ZERO
é terra que serra
é a mão no colo, os braços cruzados
o sonho vivido ilusão a caminho
alucinação um carinho
largado sugado decaido
eram 4 horas da manhã
agora são 22 horas
acordado fadado a cair em um sono inquieto
2 goles de cachaça
beijos ácidos, corroídos

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Saudades de Marizá

que saudade que espremeu o peito
veio sorrateira e marejou os olhos
eram socos dados com jeito
bem na boca do estômago das lembranças

eu via neste instante as imagens
do grande sertão Marizá
das flores que haviam lá
o Vô a Vó, que vontade de chorar

a saudade é também de caminhar
entre as palmas e sisais
de sentar junto ao fogo
do "witchi tai to"

a velha senhora com suas histórias
o labirinto e suas respostas
da terra sem sangue e muito suor
da areia branca onde repousa o povo amigo

lembranças memoráveis dos tempos de paz
das meditações e visões
imagem marcante do caminho sagrado
em rodas da cura eterna

Do grande sertão Marizá
tudo eu vou guardar
e nunca esquecer
da ida e da vinda

dos momentos de alegria
das rodas de cantoria
de toda aquela energia

domingo, 4 de julho de 2010

insónia incontrolável

num sono inexistente
tive um sonho volátil
onde encontrava abrigo

era a rima inteligente
do seu retrato portátil
e a minha imagem de mendigo

o tempo pasava contente
em seu vôo versátil
pouzava a cabeça no peito amigo

o sonho acabava convincente
no fluxo pulsátil
da mente do perigo

mas a insónia incontrolável
me derrubava sem forças
num chão de pedra batida

sem sequência provável
a historia da contraforça
onde vivia a bebida

vou buscando encantos
nestas metáforas loucas
de um poema acalentado

Sempre acaba em Poesia

eu começava a escutar a música
dos orgãos celestiais
e sentir a estranha física
dos quatro pontos cardeais
que me guiavam ao entendimento
dos espíritos da sabedoria
nada tirava meu consentimento
de que aquilo acabaria em poesia

domingo, 13 de junho de 2010

Haikais(6)

Shaman espiritual
e o vento que me é este
por acaso é casual

beijo na testa
chuva na calçada
tudo isto que me resta

no alto do asfalto
um carro que atrapalhava
a montagem do palco

Livro antigo

é como mergulhar nas estantes da sala
e encontrar um livro qualquer
do qual a existência me fora desapercebida
por 21 anos
mas ele existia desde 2/4/76
com dedicatória e assinaturas
mal posso acreditar
"ainda" cheio de poeira e poesia
escondido no canto
no topo, no alto, na última prateleira

é o sentimento do arqueólogo
ao desenterrar uma tumba
e desvendar um segredo sagrado
é a audácia da criança
que não tem medo de sua curiosidade
e vai metendo a mão e levando de volta pra casa
é a glória do templário
que acha o tesouro lendario
que levanta a taça, o cálice

é o ser do poeta
que mescla tudo
numa só loucura
que busca entendimento
através da iluminação
dos livros de poesia
escondidos nas memórias do pai.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

As noites de Marizá

a noite em Marizá
é eterna
fica na mente
quase para sempre
só não dura tanto
porque amanhece
e um novo céu aparece
e logo anoitece
e uma nova lembrança
instalá-se
para eternizar
as noites de Marizá

segunda-feira, 17 de maio de 2010

Quimera

cavalgando o cavalo da vida
sem alma favorecida
uma espécie de cria
caida do abismo celestial
anjo de luz e beleza
demonio subindo pescoços
roendo os caroços
desta arvore caida
frutos podres
quimeras mortiferas
olho cego
ouvido surdo
e sempre mudo

A dor do pincel

ao pintor o seu pincel
ao ator a dor alheia
a tela de cores
o palco de seda

Burro de carga

ao sonhar com o acontecimento
ao relento de um aborrecimento
burro de carga
carregando a mulher amada
no estupro de um pensamento
no levar de um conhecimento
esquecendo das coisas simples da vida
do banho, do chão
da minha criação

O verbo

o verbo que penso
é a linha do meu pensamento
o passo que sigo
é onde quero chegar
não posso ser quem sou
sem olhar quem fui
não posso fitar o luar
sem lembrar dos meus antepassados
sem lembrar dos senhores de escravo
o verbo que penso
é a linha de onde quero chegar
e o passo que sigo
é onde eu quero pensar

A máquina

estou encantado com a beleza da máquina
escrevo como falo
e rio do que digo
poesias soltas no ar, socos na boca do estômago
silenciando meu gosto de amar
os sons que estão no ar
silabas proféticas
rimas magnéticas
tudo parte de um mecanismo
que move um todo
o todo do meu olhar
sádico e macio
dos dias de lá
que vão parar de passar
soltos rolando nas ondas do mar

Gaiola solida de tristeza

tristeza é sólida
como a parede que prende
as grades que sufocam
aos mãos que afastam
você de mim.
é tanto amor,
que sugado pelo aspirador de pó que se fez os meus pensamentos
encurralado, amedontrado
meus sentimentos expostos na mesa da sala
junto a todos que passam, olham, escarram
A tristeza solitária
de um amor solidário
não passa de uma gaiola trivial
de paredes brancas
que se empenha em me assustar

Garotinhomen

Aquele garotinho fragil
beijando escondido
vivendo sozinho
caindo no abismo do crescer
aquele menino briguento
que nada sabia de poesia
que nada lhe interessava
fora garotas
aquele homem sentado no sofa
vendo tevê, sem tempo pra ver o tempo passar
sem leitura, sem carinho
sem amor...
aquele garotinho fragil
teve sua inocencia arrancada
sua violencia explorada
sua babaquice ampliada.

Sentimento lento

Meu filho foi arrancado de mim
pelo parto prematuro
foice de vida, ceifando o cordão umbilical
aos prantos vi minha vida
apagando lentamente
a arquiterura maligna, dos deuses do mal
que levam em sopros de agonia
os bebes da poesia
em prantos matematicos de soluços problematicos
vomito em soluções de humor aquoso
tudo isto que é doloroso
me cai no peito esfomeado
de pescoço erguido
transformo minha nova cria
em uma bela menina

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ao Cachorro morto

sou o cachorro morto
atropelado em plena avenida central
meu assassino passou, e nem ligou
os olhos vidrados não vêem
sangue seco, a língua no asfalto
o crânio exposto, o folego torto

não sinto teu cheiro
não lambo teu rosto
não viro seu sapato, mordo o pé da mesa
nunca mais marquei território

sou o farelo vivo,
de carne podre a voar
pelos ventos da tarde
carne, osso e tripa no ar

minha alma ladra e nunca mais morderá

terça-feira, 11 de maio de 2010

p. leminski

leminski:
ele provou que
poesia é vida
usando a matemática
do diabo e o gosto
amargo de suas escolhas
poeticas, marginais
valeu enquanto durou
e vale até hoje

segunda-feira, 10 de maio de 2010

sete de seis de oitenta e nove

"fechem as portas
apaguem as luzes
o poeta jaz num canto
todo em cânticos
silêncio semântico
kamikase do espanto
por um porém
um talvez
quase um acaso
do desencanto
mergulhou fundo
no instante
em que era raso"

Leminsky por Solda

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Haikais(5)

Busco
e Rebusco
do espelho encantado

me sinto roubado
meu saber, meu ser
não ser, não ter

Pilula colorida
fantasmas e ladrões
pés descalços no chão

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Haikais(4)

um trabalho
cheio de atrapalhos
poesia e cuba libre

A psicodelia
experimental não passa de
Superficial

É escrever difícil
quanto mais eu tento
mais me atento

terça-feira, 4 de maio de 2010

Haikais(3)

O dado que tenho
seis faces o destino
que azar

brancas e pretas
Sonatas ao luar
pianos sem olhar

Esta musica
que passa desapercebida
sentimento é tristeza

Já escrevo a uns dias
o punho magoado
chora consolado

Cartola na cabeça
cartola na barriga
cartola no ouvido

kamikaze
divino é o vento
triste o acontecimento

segunda-feira, 3 de maio de 2010

O débito da palavra (para Patrícia)

a muito lhe devo estas palavras
palavras de amor, de sinceridade
um poema seu, pra você, sobre você
um verso em forma de rosa
uma rosa em forma de prosa
um sorriso doce e calmo
cabelos rebeldes
e uma sinfonia de olhares
Troca de caricias, de amares
um poema seu, totalmente teu
uma rima especial
pensando nesta tal de agonia
escutando o velho Sérgio
"Faixa Seis", mas tu não es.
Serenidade te descreve,
sinceridade sinonimo
amor gostoso, de sentir.

MPB*

Hoje estou politizado
Brasileiro acalentado
Musicalmente falando
pobre, maldito, escanteado
Poesia marginal
Leminski chacal
uma geração inteira
de hippies e beatnik
um grupo de crianças malcheirosas
fedendo a poesia e limão
os braços sujos e feridos
os narizes sempre coçando
era tanta tinta esfumaçada
uma viagem astral
poetica e literal
"ah vai passar o samba popular"
"os labirintos negros"
"sem lenço e sem documento"
"eu tambem vou reclamar"
"o rei da brincadeira"

*malditos, pobres e bestas

Mais alguns Haikais(2)

Longevidade
ventania leva vida lerda
de frente da janela

o gosto amargo
na boca seca e quente
perdi o ventre

Existe em uma grande obra
um esforço muito grande
para transformar a ideia

Haikai aquilo
que lemos, entendemos,
jogamos fora.

sexta-feira, 30 de abril de 2010

A sua vida

O que é a vida
a faca na bolsa
o cabelo novo
as tendências suicidas
as faces da lua
o beijo roubado e amigo
o que é a morte
a psicóloga, a vergonha
os beijos roubados e forçados
amargura, nó na garganta
um companheiro mórbido
e sólido como pedra
sozinho como cachorro vádio
salvar a vida de quem precisa
morrer na espera vazia
da melancolia

quarta-feira, 28 de abril de 2010

En Passant

não me arrependo de meus atos
passos dados ao alem
escadas en passant
escutando as melodias do vento
nas estradas da america latina
não culpo meus pulmões por chorar
mas é uma maldição
assim como o ouro de El Dorado
as visões dos espiritos sagrados
nos caminhos da perdição
vou morrer tranquilo em uma passagem astral

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Meus primeiros Haikais(1)

o amor gelado,
derreteu inteiro por não
deixar de ser calado

o dia é chato,
com a briza do mar,
lavando prato.

Assassinato é
deixar o poema fluir
e aflorar prematuramente

(sei que nenhum realmente tem estruturas "classicas", em nenhum dos três Haikais acima sigo por exemplo a estrutura basica de 5-7-5 as rimas tentei seguir quando interessantes)

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Asas

Quantas vezes você tentou se matar
de chegar bem lá no fim
e puchar a alavanta
cortar a corda
estourar os miolos
quantas vezes bem lá no fim
você não fracassou?
pois então agarre-se a vida
as asas, abra-as e use-as para voar

A morte é certa

você vê doçura em minha dor
em meu sacrificio de carne
explora meus pensamentos
me doei de inteiro coração
mais cai em tentação
e no abismo
me afundei em vão
não tem volta, a morte é certa
de câncer de velhice
a morte é certa

Atos de pirataria

bato a cabeça contra a parede
prendo a respiração
me jogo do último andar
caminho lentamente para uma forca invisível
e o destino final é a morte sorrateira
uns se orgulham dos atos de pirataria
outros me chamam de fraco
mas cada passo dado, é um passo falso
fraco, em vão.
o I-ching disse, o taro tambem.
e agora?

quinta-feira, 22 de abril de 2010

A Princesa

Na montanha de fogo
era preciso sinceridade
mas sua língua ofídia
não cessava um momento
A princesa que tu eras
se concretizou,
nas rédeas do teu domínio
domou quimeras e amigos
envenenou a todos
vagarosamente
a mentira desmascara
o que é preciso ver.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

Más Notícias

más notícias,
ando em crise,
dessas crises que todo poeta deve passar uma vez por dia
uma crise criativa...
não consigo terminar nenhum poema,
nem se quer ando conseguindo começa-los
essas crises passam
mas logo voltam
é o ciclo natural dos poetas
não escrever, não terminar
não publicar, não gostar
e por ai vai...

domingo, 18 de abril de 2010

Medusa

É medusa;
Ah morte me seduza,
Em pedra me destrua.
Seu brinquedo estático
me perco em um elástico.
Sua cobra maquiavelica,
Demónio vil e sádico.
Quero que me esqueça
E perca sua cabeça
Você não vê que se perdeu,
Ninguem quer ser o seu perseu.
E acalmar sua fúria,
Atenuar sua luxúria.

É Medusa;
Me conduza ao ódio,
Derradeiro em meio ao fim.
O escudo que usaste,
este feitiço,
de coração petrificado,
Aos olhos em revês,
do carinho desperdiçado,
ao amor estraçalhado.

É Medusa,
Erros não são eternos...
Mas a morte sim!

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Insânia

as vozes que me falam
me empurram pras sombras
açoitam os meus pensamentos profundos
destituem a beleza e a ordem do meu ser
denegrindo minha imagem e semelhança, o espelho mágico
que racha e expoem meu verdadeiro reflexo.
os sussuros noturnos, os demonios soturnos
que me forçam a querer, a fazer.
minha força de vontade é testada, abusada...
os objetos sorrateiros, aparecem em minha mão
sem serem desejados
o fogo consome, a morte esfumaçada
recuso o delírio mortal
mas enfraquecido, caio em insânia

sábado, 3 de abril de 2010

LSD

na solidão amarga da espera
o doce, pulsa na veia
os pés na estrada,
o sangue deixado para trás
as lagrimas sofridas em vão
derramadas em pura alucinação
eu vejo espiritos ao meu redor
eu escuto vozes, fico em completo medo.
lá só dentro de fora a deixa dentro.
a dor de cabeça, a ressaca
a viagem de volta
lá só doutro lado de lá fora cá acolá
do arrependimento surge a raiva
do doce pulsando na vida
das cores pulando cerca
da agua do mar salguando as mentiras
das pedras em xareu pulando pra onde?
por onde?
o grito, na raiva, corto o ar com um soco

como se fosse um sopro, me ponho a caminhar
pensando em merda, fui pra outro lugar

terça-feira, 30 de março de 2010

Fuga

Sou protagonista da minha propria fuga
tenho medos constantes de ser assassinado
meus livros pegaram fogo, minha musica secou
minha alma chorou e eu não soube o que dizer
aprendi muita coisa na vida, menos a amar
sou covarde, homem, tenho medo
minha fotografia em cima da mesa, mofou
meus sonhos e pesadelos se confundem a noite
tenho medo de ser assassinado
da mulher proxima, me esfaquear com mentiras alheias
sou protagonista da minha propria vida
e quero fugir dela, não quero me distrair
não quero ver o mar recifense azuelar e se alegrar todas as manhãs
quando o sol das 4 e 55 o tocar.
não quero sentir o alcool azedar na minha boca
o pó queimar minha narina, ver o sangue pingar
o cigarro encher meu pulmão de cancer
tenho medo de morrer, e muito de viver
escrever poesia, é me aliviar, tirar o peso das costas.
Não falar, não julgar, não transar
é brigar internamente.
perco o sono, o apetite, a vontade de chorar
ganho o medo, o trauma, a dor
cada verso e cada rima, que escrevo pensando em alguem
são extremamente sofridos, um parto matinal
sou protagonista da minha propria morte
da minha propria solidão, da minha propria indecisão
eu criei meus demonios, e joguei as espinhas na cara
tenho que ri para longe
rir um pouco do acontecido
aprender, seguir, sorrir....

segunda-feira, 29 de março de 2010

Velho

estou definhando
minha cabeça não
é mais a mesma
meu sono não me acompanha
vejo o sol nascer todos os dias
não sinto real necessidade de dormir
de comer, de viver...
não quero sonhar, não quero transar
não quero livros de filosofia,
muito menos estou pronto para Literatura Russa
estou morrendo a cada dia, sinto meu corpo apodrecendo
minhas ideias se ofuscam
meus ideais ficam velhos e caretas
é, estou ficando velho!

sábado, 27 de março de 2010

Do meu trono

estou tirando minha luva de pelica
não vou mais simplesmente e só lhe desprezar
vou afundar você em seus pensamentos mais sombrios
a noite agora é mais longa que a espera
tenha medo do que está para acontecer
os pesadelos ganharão forma
e as sombras se erguerão
eu não temo pela tempestade que se aproxima
eu não temo a morte
porem garota, não se aproxime dos charcos do meu pensamento
você se arrependerá e se aprisionará nas armadilhas
tentará fugir e seus pés vão se afundar na lama do desespero
do meu trono dourado, vou observar...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Amigo meu, você que mora longe

Assim amigo seu, vou e volto, fico e saio
esqueço, forço, crio o completo tedio

As cartas do baralho já estão marcadas
minhas fichas acabaram
já choro de tristeza e magoas passadas
você me carregou, mas nunca me crucificou
eu que te amei, como se fosse um irmão
profeta do apocalipse, cavaleiro do fim
eramos dois malucos brincando de ser heroi
nos jogos de tabuleiro, nos livros de amor.
eramos dois adolescentes pequenos
ue não viamos o céu, e a loucura chegar
hoje você é pedro, e eu vou pra outro lugar

...

você que chora ao meu lado
saiba que choro tambem, a sua perda
a sua dor, ao seu apego
chore no meu ombro amigo
mesmo que no desconhecido alguem

Contos de fada

Tenho medo do lobo mal com seu sopro vão
e da carochinha e seus contos infernais
fujo correndo pulando a cerca, matando as fadas
quebro os sapatos, esmagando as abooras
pego a espada e enfio no feito da maçã
tenho medo da minha propria sombra
e do pó de pirlimpimpim
tento desesperado construir uma casa de tijolos
mas as bruxas más se aproximam com suas fantasias angelicais
os demonios dos meus sonhos mais horripilantes
batem a minha porta
eu sou um completo louco varrido
para de baixo do tapete alado
de uma Scheherazade qualquer...

Crise de abstinencia

me falta, poesia, musica, pó e água
estou morrendo de tedio
mas namoro o tempo passar
da janela do escritorio
vejo os livros voarem
da escada na sala de jantar
vejo as visitas partirem
sem esforço para que fiquem
no mue quarto me tranco
e jogo a chave goela a baixo
estou em crise de abstinencia
estou sem mulher, sem rima, sem prosa
estou sem relogio, sem hora sem pressa
estou no perigo amargo do estar atordoado
estou sofrendo, e das minhas veias pulsando
vicio e veneno
baralho e recado
livro de poesia mal escrito e inacabado

O que os amigos me dizem

um dia, um amigo me disse
"quando eu era jovem, assim como você"
mas hoje outro amigo me disse
"acho que estamos ficando velho, tu não concordas?"
mas o que eu digo para eles?
vou fazer minha barba e ver no que que dá!

Rachadura nas lembranças

é apenas o fim
lembranças são eternas
e duram enquanto a sanidade permitir
pode ser trauma, te esquecer
é uma das tarefas mais dificeis
mas a cada esquina vejo seu semblante
no rosto de outra garota
pode parecer cliche
mas o que realmente é
é o fato de não ser
doi a eternidade solitaria
dos dias sem ti
gloriosa tardes de domingo
com lágrimas nos olhos
tempestuosos sabados a noite lendo Fernando Pessoa
calmas segundas pela manhã
quando eu realmente percebo que já foi
terças cinzentas, quartas azuladas
quintas ensanguentadas, sextas alcoolicas
tudo me sooa você, me reflete o sonho
que foram 3 anos, mas todo espelho racha
e toda alice passa

terça-feira, 9 de março de 2010

Pepita de ouro (para Julia)

Julia, pepita de ouro
bruto, sujo, puro sangue
diamante sagrado
das amizades eternas
que mal me apego
ao desejo de te amar
de te querer bem
amigos também amam
amigos também sofrem
amigos torcem, e torcem o nariz
amigos pelo simples fato de ser
amigo

O monstro que sou para você

Pra você
fui o monstro
debaixo da sua cama
de dentro do seu armario
dos seus piores pesadelos
não quis me amar, fui um simples amante
que o tempo perdurou
que você arruinou
agora, me traga como se fosse um cigarro estragado
diz que me ama, diz que me quer
mas no fundo,
quem sou eu se não o monstro dos teus sonhos?

Algo

Mas não é algo
imprescindivel
desnecessario
sofro um pouco
e depois relevo
a ignorancia de teu ser
a sua falta com a leitura
suas ideias religiosas
calmo eu fico sentado
esperando a familia passar
atordoado eu percebo que acabou
calado eu vejo a banda tocar
a toada triste dos dias de sol
mas não é algo que acontece
é algo que é
mais profundo do que meu ser
percebo então, que o sol dormiu
a lua apagou
o livro acabou
assim como o poema secou...

O olhar do louco

O que eu quero mesmo é ser poeta
e todo dia que passa
eu quero mesmo é ser louco
e toda hora preenchida
descrevo o olhar do louco
sobre a poesia

sábado, 6 de março de 2010

Gosto das quadras

Gosto das quadras,
elas parecem bestas
e mal escritas
mas no fundo
são um báu de tesouro
bem amarrados
e cheio de surpresas

sexta-feira, 5 de março de 2010

Quadra a Solidão

É um ato solitário
que suja a rua
me sinto um otário
por não ser sua

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quadra as lembranças de amor

O gesto de sua mão
Esbanja sensualidade
E aquele homem são
Me lembra liberdade

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quadra ao inverno

No frio do inverno
Eu visto um terno
Beijo sua testa
Para ver o que me resta

AVC (para Roberto e Família)

Parece uma tempestade
De vidro estilhaçado
Forçado pelo mal
Pela doença alheia
Reze pela alma
Reze pela sanidade
Suas veias estão rompendo
Seu cérebro está morrendo
Beba um copo d’água
E tenha calma
Depois da tempestade, a calmaria
Suas veias estão gritando
Sua cabeça está doendo
Mas você é forte
De onde vem a força?
Vem de dentro!
Da vontade de viver
Mesmo que seja no passado esquecido
Suas veias vão calar, se acalmar
Sua vida relaxar
E deixar você deitar na rede
Da aposentadoria mais uma vez...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quadra a brisa

O sol está raiando
O chão está rachando
A leve brisa lenta
Na solidão me esquenta

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A ordem da ordem

Eu lhe obrigo
Ordem sem lógica
Sem métrica
Sem documento
A ir embora.
Mas seria a ordem ilógica?
Sendo uma ordenação?
Uma parafernália moderna
Uma estante poética
Um apetrecho neandertalense
Seria a ordem numérica, a ordem temporal
Ilógica? Sem padrão?
Uma P.G? ou uma P.A?
Você sabe muito bem
Que tudo tem razão
Mas seria ordem judicial, ou uma simples ordem?
Ordem dos acordes, das palavras.
Existem muitas ordens, e ordenações
Muitos significados para a mesma palavra.
Basta virar, trocar, chacoalhar, e tudo fica diferente.

Uma ordem ao tempo

Eu digo não
Ao então
Bem casado
Pseudo-eu
Arrogante
Argola de ouro
Elefante
Amendoim
Eu digo não
Ao então
Mal amado
Verdadeiro eu
Argola enferrujada
Esqueleto
Branco
Marfim...

Cigarro

A amante esfumaçada
Fumaça esbranquiçada
Brasa no cinzeiro,
Cinzas no chão da sala
Eu não te entendo
Eu te devoro
Te engulo a seco
Meu sexo tem teu câncer
Meu fôlego tua marca seca
Meus transtornos compulsivos obsessivos
Eu te amo e te detesto
Morte que talvez seja o final do trilho
Câncer que seja o filtro da vida
Beijo amargo, dentes amarelos
cigarro

Eu to louco

Perdi-me em tédio
E tantos sonhos suicidas.
Suco azedo de ontem
Comida de anteontem
Rasguei os livros do jardim
Os quadros do mar
Estão ali
A esposa arrependida
O bolo esmigalhado
O poema estragado
O romance escrito
O poeta embriagado
O jazz rolando solto
O mal comendo torto
O bem dizendo adeus
Ai meu deus, eu to louco!

Quadra do desgosto

Tenho vergonha de dizer
que é difícil te esquecer
Fumei um cigarro
Enquanto você entrava no carro.

Escrever é uma doença

Passei duas semanas sem escrever
Bastou pegar o lápis
E os poemas saem a rodo
Escolho a dedo o que deponho
Entrego de mão em mão
E semeio o coração
Rasgo o que sobrou
Enterro na contra mão
Do lado errado
Do ralo pé da realidade
Eita! Me esqueci!

Crise pós-moderna

Crise de identidade
Depressão pós-moderna
Prozac, maconha, pó
Não agüento beber, não agüento gritar
Não agüento escrever, não agüento chorar
Cadê meu dinheiro, cadê meu remédio, cadê meu isqueiro
Perdi minha moral, perdi minha fé
Vomito aos seus pés
Claustrofobia, veneno de rato, hipocrisia
Síndrome do pânico, medo, medo, medo...
Síndrome do mal, Medo, medo, medo...
Pra que tanto medo? Medo meto o dedo
Esfrego a cara na janela
Grito da varanda um silêncio agoniado
Não pego mais ônibus, não vejo os amigos
Não como, não fumo, não amo.
MEDO!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Aos caminhantes solitários

Aos caminhantes solitários, que trilham lentamente seu caminho
Não existem maquinistas, nem carvão queimando,
Só existe a persistência, a vontade das pernas de ferro em continuar
Nada faz diferença, grilhões, algemas ou barras de segurança
Não vamos ser detidos pelos trilhos enferrujados
Nem baixar a cabeça diante das alturas descomunais
As profundezas abissais, nem temeremos os leões das savanas
Não vamos ser mais cachorros que ladram e nada fazem, morderemos!
Não vamos ser derrotados, não enfraqueceremos, venceremos!
Praias desertas, campos de soja, florestas tropicais e perigosas, atravessaremos!
Nada vai impedir que o povo avance, nem que seja lentamente!
Já posso ver o brilho de nossos olhos, o branco de nossos sorrisos
E o cheiro acre de nosso suor. Posso ver nitidamente a felicidade que tantos almejam
Não curvaremos nem beijaremos o seu pé, vamos receber cada tapa no rosto como se fosse o ultimo
Mesmo que tenhamos certeza que ele foi apenas o primeiro!
Sei que o que digo parece utópico, impossível.
Mas sei a dureza e a dificuldade em acordar todos os dias dos sonhos mais coloridos e belos
Sabendo que nada fazemos para mudar nosso destino.
E é por isso que não olharemos para o futuro, nem para o passado
Viveremos o hoje, não o sonho, não a dor, viveremos o hoje.

domingo, 24 de janeiro de 2010

A cova ou As mangas do cemitério

Em silêncio eu me enterro,
Nesta cova,
Minha sepultura não precisa de rosas,
Pois ela tem o estrume do meu corpo,
Vagarosamente as mangas do cemitério
Pegam o gosto amargo da morbidez do meu ser.
Eu tenho o dom de ferir
Os corações alheios
Escrevo versos com grades de prisão
Para enjaular seus sentimentos
Sou um completo sedutor
O maior dos “Don Juans”
Seus olhos só carregam pena de mim.

Espelho quebrado ou O mentiroso

Sou o pior dos males
Que poderia ter acontecido
Para a menina que tinha medo de se apaixonar,
E quando se apaixona
Descobre que o anjo era um caído,
Descobre que ele é um salafrario,
Enche de lágrimas os olhos
Por não acreditar que aquela tal beleza,
Não passava de um vil espelho
Quebrando-se pouco a pouco,
Mentiroso e vagabundo,
Que usa as palavras para enganar e afundar o coração dela no mais
Fundo dos abismos colossais,
Aquele ser grotesco,
Que apareceu para ela agora,
Não é digno de nada, nem de pena, e ela agora foge!

sábado, 23 de janeiro de 2010

Ao Silêncio

Vim falar ao silêncio
que ele não se cale
não se perca
vim falar do silêncio
Que ele é lindo
Irradiando o nada
Em mentes paradas.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

Arrependido ou Sou maldito

Sou maldito
E choro o som das flores
Meu sangue derramado
Na calçada da fama
Junto as bitucas de cigarro.
Meu poço lacrimejante
Dança a melodia das rosas.
Caído na rua
Com medo da morte
Temendo a Deus e a todos os olhares anônimos.
Lagrimas de arrependimento,
Conversas alongadas
Como batatas da perna.
Só um soco na barriga para me apagar
Deste mar de euforia constrangedora,
Contagiado pelo álcool
Ouvindo uma flauta celeste
Que me traga feito charuto
E me cospe feito catarro.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Sem forças para desafiar

Me faz bem estar ao seu lado
Mas me curvo ao silencio
Curvado permaneço
Apenas escutando
Que sou o pior homem na terra
Calado permaneço
Observando ires embora
Mas quem sou eu
Para desafiar meu peito tapado
Minha alma rachada
Quem sou eu?
Pergunto a deus, em quem nem acredito
Quem sou eu?

Que volte

Arranquei da parede
Os poemas de amor
Que te escrevi
Com tanto remorso nos dedos
Que lembravam cada palavra
Pensada, trabalhada
Perdi tanto tempo escrevendo sobre sua pessoa
E aqui estou eu, escrevendo mais um
Fico me puxando para a escuridão
Namorando a solidão
Que voltem os poemas melancólicos!!!!
Que volte a tristeza relutante
Dos grilhões do pensamento
O ódio contido no lápis
Vou afogar a alegria
E os versos românticos
Em copos de cachaça
Gritando na rua que não te amo
Que volte a morbidez das noites sem dormir
Dos sussurros soturnos
Dilacerando poesia
Contra a brisa
Que volte a morte
Presente nos sonhos de criança
Que volte Lucifer, meu pai, minha infância
Mas que você morra, bem no fundo da minha alma
Pois ela chora, e pede para que vá embora
Sem demoras.

terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Morpheus

Quero me livrar do silencio
Da garganta
Do catarro sufocante
Me acorde
Me acode
Livre de mim este mal
Olhando os olhos do demônio
Pelo espelho estilhaçado
Vejo em obras poéticas
De amigos e grandes nomes
Inspiração de vida
Corro e soco a parede
Grito e bato a cabeça na porta da vida
Pego um poema por dia
Leio,
E repito-o pro ouvido satânico
Que se delicia com minha maluquice
Sou pernambucano, poeta
E não ganho nada com isso
Tenho medo de tudo no mundo
Tenho medo de não acordar
E ainda mais de ir dormir
Morpheus venha me ver essa noite
E me presenteie com novas premonições
De um futuro esfumaçado.

segunda-feira, 18 de janeiro de 2010

Sua dor (para Glauco)

Poeta, bandido
De rosto costurado
De braço dilacerado
Minha dor é ver você assim
Acostumado com a morte
Dizendo-me em noites de bebedeira
Que ela já fez metade do caminho
Minha dor é ver você assim
Impotente, sem ninguém ao lado
Sofrendo por tudo (e por nada)
“Mas eu não sofro não”
O baralho vistoso, leu sua sorte
Seu dia não tarda em chegar

domingo, 17 de janeiro de 2010

O silêncio da noite

São sapos
São grilos
São ares-condicionado
Condicionados
A fazer barulho
Ensurdecer a noite
Calar o dia
Assassinando o silêncio
Noturno
Soturno
Calado leve noutro
São homens
Aqueles vis colecionadores
De sinfonias satânicas
Que estouram
Os tímpanos acostumados
Com o silêncio dos roncos
De motores alucinados