quinta-feira, 13 de maio de 2010

Ao Cachorro morto

sou o cachorro morto
atropelado em plena avenida central
meu assassino passou, e nem ligou
os olhos vidrados não vêem
sangue seco, a língua no asfalto
o crânio exposto, o folego torto

não sinto teu cheiro
não lambo teu rosto
não viro seu sapato, mordo o pé da mesa
nunca mais marquei território

sou o farelo vivo,
de carne podre a voar
pelos ventos da tarde
carne, osso e tripa no ar

minha alma ladra e nunca mais morderá

Um comentário:

Pati disse...

ao cachorro morto de forma cruel, todo um respeito.