sábado, 20 de fevereiro de 2010

Quadra as lembranças de amor

O gesto de sua mão
Esbanja sensualidade
E aquele homem são
Me lembra liberdade

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Quadra ao inverno

No frio do inverno
Eu visto um terno
Beijo sua testa
Para ver o que me resta

AVC (para Roberto e Família)

Parece uma tempestade
De vidro estilhaçado
Forçado pelo mal
Pela doença alheia
Reze pela alma
Reze pela sanidade
Suas veias estão rompendo
Seu cérebro está morrendo
Beba um copo d’água
E tenha calma
Depois da tempestade, a calmaria
Suas veias estão gritando
Sua cabeça está doendo
Mas você é forte
De onde vem a força?
Vem de dentro!
Da vontade de viver
Mesmo que seja no passado esquecido
Suas veias vão calar, se acalmar
Sua vida relaxar
E deixar você deitar na rede
Da aposentadoria mais uma vez...

quarta-feira, 17 de fevereiro de 2010

Quadra a brisa

O sol está raiando
O chão está rachando
A leve brisa lenta
Na solidão me esquenta

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

A ordem da ordem

Eu lhe obrigo
Ordem sem lógica
Sem métrica
Sem documento
A ir embora.
Mas seria a ordem ilógica?
Sendo uma ordenação?
Uma parafernália moderna
Uma estante poética
Um apetrecho neandertalense
Seria a ordem numérica, a ordem temporal
Ilógica? Sem padrão?
Uma P.G? ou uma P.A?
Você sabe muito bem
Que tudo tem razão
Mas seria ordem judicial, ou uma simples ordem?
Ordem dos acordes, das palavras.
Existem muitas ordens, e ordenações
Muitos significados para a mesma palavra.
Basta virar, trocar, chacoalhar, e tudo fica diferente.

Uma ordem ao tempo

Eu digo não
Ao então
Bem casado
Pseudo-eu
Arrogante
Argola de ouro
Elefante
Amendoim
Eu digo não
Ao então
Mal amado
Verdadeiro eu
Argola enferrujada
Esqueleto
Branco
Marfim...

Cigarro

A amante esfumaçada
Fumaça esbranquiçada
Brasa no cinzeiro,
Cinzas no chão da sala
Eu não te entendo
Eu te devoro
Te engulo a seco
Meu sexo tem teu câncer
Meu fôlego tua marca seca
Meus transtornos compulsivos obsessivos
Eu te amo e te detesto
Morte que talvez seja o final do trilho
Câncer que seja o filtro da vida
Beijo amargo, dentes amarelos
cigarro

Eu to louco

Perdi-me em tédio
E tantos sonhos suicidas.
Suco azedo de ontem
Comida de anteontem
Rasguei os livros do jardim
Os quadros do mar
Estão ali
A esposa arrependida
O bolo esmigalhado
O poema estragado
O romance escrito
O poeta embriagado
O jazz rolando solto
O mal comendo torto
O bem dizendo adeus
Ai meu deus, eu to louco!

Quadra do desgosto

Tenho vergonha de dizer
que é difícil te esquecer
Fumei um cigarro
Enquanto você entrava no carro.

Escrever é uma doença

Passei duas semanas sem escrever
Bastou pegar o lápis
E os poemas saem a rodo
Escolho a dedo o que deponho
Entrego de mão em mão
E semeio o coração
Rasgo o que sobrou
Enterro na contra mão
Do lado errado
Do ralo pé da realidade
Eita! Me esqueci!

Crise pós-moderna

Crise de identidade
Depressão pós-moderna
Prozac, maconha, pó
Não agüento beber, não agüento gritar
Não agüento escrever, não agüento chorar
Cadê meu dinheiro, cadê meu remédio, cadê meu isqueiro
Perdi minha moral, perdi minha fé
Vomito aos seus pés
Claustrofobia, veneno de rato, hipocrisia
Síndrome do pânico, medo, medo, medo...
Síndrome do mal, Medo, medo, medo...
Pra que tanto medo? Medo meto o dedo
Esfrego a cara na janela
Grito da varanda um silêncio agoniado
Não pego mais ônibus, não vejo os amigos
Não como, não fumo, não amo.
MEDO!

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Aos caminhantes solitários

Aos caminhantes solitários, que trilham lentamente seu caminho
Não existem maquinistas, nem carvão queimando,
Só existe a persistência, a vontade das pernas de ferro em continuar
Nada faz diferença, grilhões, algemas ou barras de segurança
Não vamos ser detidos pelos trilhos enferrujados
Nem baixar a cabeça diante das alturas descomunais
As profundezas abissais, nem temeremos os leões das savanas
Não vamos ser mais cachorros que ladram e nada fazem, morderemos!
Não vamos ser derrotados, não enfraqueceremos, venceremos!
Praias desertas, campos de soja, florestas tropicais e perigosas, atravessaremos!
Nada vai impedir que o povo avance, nem que seja lentamente!
Já posso ver o brilho de nossos olhos, o branco de nossos sorrisos
E o cheiro acre de nosso suor. Posso ver nitidamente a felicidade que tantos almejam
Não curvaremos nem beijaremos o seu pé, vamos receber cada tapa no rosto como se fosse o ultimo
Mesmo que tenhamos certeza que ele foi apenas o primeiro!
Sei que o que digo parece utópico, impossível.
Mas sei a dureza e a dificuldade em acordar todos os dias dos sonhos mais coloridos e belos
Sabendo que nada fazemos para mudar nosso destino.
E é por isso que não olharemos para o futuro, nem para o passado
Viveremos o hoje, não o sonho, não a dor, viveremos o hoje.