sou o cachorro morto
atropelado em plena avenida central
meu assassino passou, e nem ligou
os olhos vidrados não vêem
sangue seco, a língua no asfalto
o crânio exposto, o folego torto
não sinto teu cheiro
não lambo teu rosto
não viro seu sapato, mordo o pé da mesa
nunca mais marquei território
sou o farelo vivo,
de carne podre a voar
pelos ventos da tarde
carne, osso e tripa no ar
minha alma ladra e nunca mais morderá
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Um comentário:
ao cachorro morto de forma cruel, todo um respeito.
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