sábado, 23 de maio de 2009

Sou quem sou

Sou quem sou
Pois assim me construíram
Não sei se é divino
Nem se é destino
Quem deveria me calar
Me por para ninar
Destruiu os meus sapatos
Colou as minhas asas

Sou quem sou
Pois assim você me fez
Carne e osso
Pobre coitado
Pequenino
Oprimido

Eu sou distinto
Talvez seja destino
Que por acaso
Aconteceu

Sou um vagabundo
Filho do conhecimento
Que me empurraram com o leite
Se sou solitário
Sou um espelho
Não mais que um pentelho
Aqui a atazanar
Sou um coitado
De pulsos cortados
Sem ancora nem vela
Nem sei aonde ir, nem aonde chegar
Minha quilha quebrou.

Esqueci minha rima
Que deveria ser divina
Homero e Platão
Babacas de plantão

Sou um deposito
Sem nenhum propósito
Guardando magoas
Pendurando rancor

Não se iluda
Não tem nada alem
Minha boca é uma granada
Sem pino nem chão
Explode num clarão
De lagrimas e dor

Se arrependimento curasse as feridas da pele
O que curaria as feridas da Alma?

Sou quem sou, pois assim me construí
Saturei meu cérebro
Suturei minha alma
Lavei minhas mãos
E peguei o sapato

Abro a porta e me despeço
Adeus e até logo

Um comentário:

Pati disse...

No fim das contas, o que somos, nós mesmos que construimos.
Sem precisar muito da ajuda dos outros.

;*